Galos de Barcelos nas ruas de Nagasaki

(siga o link em baixo para ver o vídeo; ou veja no nosso canal youtube )

O tema “Legado da presença portuguesa no Japão” é um dos temas fundamentais deste projecto cultural e pedagógico desde a sua primeira iniciativa (a exposição de fotografia e vídeo “Um longo Verão no Japão”, em 2013), e foi já objecto de uma instalação na Casa das Artes Bissaya Barreto (como podem ver AQUI ). Mas em cada nova temporada de trabalho de campo há naturalmente mais dados, novas perspectivas, e uma melhor compreensão dos fenómenos em curso. Assim, partilhamos aqui neste vídeo – numa perspectiva de divulgação científica acessível ao público geral – um dos lugares de Nagasaki que se configurou recentemente como um pólo central nesta pesquisa. Para além do interesse académico, parece-nos que estes lugares têm também um grande potencial para contribuir para a formação, nomeadamente no âmbito dos Estudos Japoneses, e por isso estamos receptivos ao agendamento de visitas guiadas e outras oportunidades de visita orientada. Aficionados da história dos Descobrimentos Portugueses e da Expansão, fãs do Oriente, e curiosos sobre o Japão em geral, poderão assim fazer um périplo pelo país-do-sol-nascente que incluam estes e outros lugares (para além de Nagasaki), devidamente enquadrados em contexto histórico e com uma lógica de experiência culturalmente imersiva, isto é, fora do circuito comercial das agências de viagens e dando preferência à ligação com as comunidades locais. Aguardamos o vosso contacto por email para umlongoveraonojapao@gmail.com, para planeamento e consultoria especializada, com efeito no ano 2020.

 

 

 

Um recanto fora do tempo

Murin-an, em Kyoto, é um jardim mas também é uma casa no meio desse jardim, é o espaço da propriedade e tudo o que alberga, mas não seria exagero dizer que é também o espírito de ancestralidade japonesa cristalizada. A belíssima habitação, que data de 1848, é apresentada pelos anfitriões, versados em artes tradicionais como a Cerimónia do Chá, a Arte dos Jardins, e o Kitsuke (o saber vestir aplicado ao kimono). O espaço é gerido pelo governo municipal de Kyoto e existe um programa de actividades culturais muito selecto ao longo do ano. As vagas são limitadas e os participantes têm de se candidatar com vários meses de antecedência, sendo ainda assim escrutinados minuciosamente. O espaço pretende proporcionar o verdadeiro enaltecimento da alma, o aumento da nobreza do saber e do refinamento. Não é o Murin-an que precisa dos visitantes, somos nós que precisamos dele. Ali, a natureza avassaladora do jardim preenche tudo: a vista, o espaço, a mente. E a escala redimensiona-se dentro e fora do ser. O ego desaparece, algures entre um golo de chá ou uma conversa de voz suave sobre o modo de atar o obi.

A partir de 2020, o Murin-an estará acessível a quem nos procurar para serviços de consultoria para planeamento de viagem, na qualidade de uma das nossas experiências de Turismo Imersivo. Apresentamos aqui algumas das fotografias que nos foram gentilmente cedidas.

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Mostra de Sumi-e

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Exposição

Durante o mês de Março, na Cafetaria & Galeria do Instituto Universitário Justiça e Paz, poderá ver os trabalhos da professora e artista plástica Paula Walker, desde estudos a obras finais, e também alguns trabalhos dos alunos que têm aulas de sumi-e em Coimbra. Através desta exposição procuramos mostrar à comunidade académica e a todos os visitantes deste espaço o mundo do sumi-e de forma acessível e pedagógica.

Visitas Guiadas em 15 min.

Todas as sextas-feiras deste mês, das 16:15h às 16:30h, Paula Walker e também a curadora da exposição – Inês Matos – estarão disponíveis para responder a todas as suas questões e orientar a sua apreciação dos trabalhos expostos. Gratuito e sem necessidade de pré-inscrição.

Novos workshops de Sumi-e!

sumi-e nome banner

As nossas sessões práticas de Sumi-e são coordenado por Paula Walker, artista plástica e professora de artes que tem desenvolvido nos últimos anos o seu caminho pelo sumi-e e amavelmente vem partilhá-lo connosco.

Retomamos as nossas sessões em Fevereiro de 2018,
inscreva-se através de

umlongoveraonojapao@gmail.com

De 2 de Fevereiro a 23 de Março,
semanalmente às sextas-feiras entre as 18:30h e as 20:30h.

(Para saber a morada e ver o mapa do local onde temos as nossas aulas por favor consulte os posts anteriores neste blog.)

Inscrições até 26 de Janeiro ou até que se esgotem as vagas.

Programa temático detalhado deste módulo de Sumi-e:

Dia 2 de Fevereiro
Exercícios com animais: peixes e peixinhos dourados

Dia 9 de Fevereiro
Exercícios com animais: galo

Dia 16 de Fevereiro
Exercícios com árvores:pinheiro

Dia 23 de Fevereiro
Exercícios com os Honoráveis Cavalheiros: bambu em paisagem noturna

Dia 2 de Março
Exercícios com os Honoráveis Cavalheiros: orquídeas e caracol

Dia 9 de Março
Exercícios com flores: camélias e papoilas

Dia 16 de Março
Exercícios com flores: íris

Dia 23 de Março
Exercícios com paisagens: colinas e ervas

Formação no Verão

sumi-e na chronospaper agosto 2017_cartaz

A Chronospaper é uma loja e atelier especializado em papel, arte com papel e restauro de livros antigos. Localiza-se na Baixa de Coimbra, Praça do Comércio. Agradecemos à simpática família Chronospaper a amabilidade de nos receber e aceitar a proposta de realização desta formação. A si, que está curioso sobre sumi-e ou simplesmente adora tudo o que é arte oriental, aproveite para passar um bocado à volta das tintas!

 

12 meses convosco…

Foi em Junho de 2016, com a Pré-Festa do Japão em Coimbra, que arrancámos a sério com o projeto de estudos japoneses em Portugal, tendo finalmente uma Casa que nos acolhesse e um plano pedagógico para todo o ano lectivo que se avizinhava. Durante o  Verão oferecemos os primeiros cursos, preparámos uma exposição interativa e em Setembro começaram a funcionar as aulas. Pela primeira vez na longa história da relação entre Portugal e o Japão, de forma consistente e com ritmo certo semanal, um grupo de pessoas juntou-se para aprender sobre o Japão e a cultura japonesa, todas as sextas-feiras, muitas vezes com convidados japoneses ou proporcionando o encontro de alunos japoneses com alunos portugueses.  Mais de nove meses disto e continuamos, todas as sextas-feiras. Veja o que fizemos juntos neste ano lectivo, e junte-se a nós para os cursos de Verão!

Recomendação de leitura: O Elogio da Sombra.

O Elogio da Sombra, uma obra de Junichirou Tanizaki (1886-1965), foi publicado em 1933 e teve a sua primeira edição portuguesa em 1999. Tanizaki é um escritor que encarna plenamente a sua geração, preocupado com a especificidade (superioridade?) da cultura japonesa ao mesmo tempo que conhece e comenta a cultura ocidental. A obra, despretensiosa e elaborada à maneira de um ensaio livre, é profundamente visual e frequentemente poética, mesmo sem imagens ou lírica. Contudo, a segunda edição (da Relógio D’Água, 2008) apresenta uma selecção de fotografias que ajudam o leitor a ter uma impressão mais nítida de algumas das considerações do autor.

o elogio da sombra

Ler o Elogio da Sombra é uma coisa que um interessado na cultura japonesa deverá fazer repetidas vezes ao longo do seu percurso de aprendizagem. É suficientemente curto para nos ocupar um dia do final-de-semana e suficientemente denso para nos dar que pensar por muitas semanas! A última vez que o tinha lido fora há cerca de cinco anos, precisamente quando estava a começar uma fase intrépida do meu percurso académico, tendo escolhido prosseguir o doutoramento na área dos estudos japoneses. Ao sentir que necessitava de inspiração voltei-me naturalmente para uma das obras que tinha lido na licenciatura em história da arte, e que ainda penso ser fundamental para entender a arte japonesa. Aliás, o texto de Tanizaki, na forma como tece considerações entre a arquitectura, o culto do chá, o mobiliário e decoração, o teatro, a gastronomia, a literatura, a poesia, e mesmo a vida mundana mostra-nos desde o princípio que as categorias de “arte” que usamos no Ocidente não servem para entender as florações de criatividade nipónicas. Não há uma separação rígida entre “artes maiores” e “menores” e a estética aparece-nos como algo fluido, entre as suas diversas manifestações.

A sombra, uma figura que passa pelas diversas experiências estéticas sobre as quais o autor discorre, serve-lhe para integrar a arte japonesa do passado na projecção da identidade japonesa do (seu) presente. Não sendo sequer enunciado que o autor conhece (e dialoga implicitamente com) as obras de Poe, Baudelaire, ou Wilde, o leitor Ocidental poderá contudo sentir que as palavras lhe são dirigidas por alguém que consegue transpor a ponte do divórcio entre culturas. Para além disso, Tanizaki é o autor de um verdadeiro feito em discurso: dirige-se simultaneamente ao leitor estrangeiro e ao japonês (a obra foi escrita apenas para o público japonês originalmente, mas um público profundamente “ocidentalizado”). Argumenta – com veemência mas sem rudeza – a favor da necessidade de preservar o que o Japão tem de japonês, mesmo depois da febre da ocidentalização, do Grande Terramoto de Kanto (1923) e da emergência do discurso imperialista.

O Elogio da Sombra é como um velho amigo que nunca nos desilude mesmo se o negligenciámos um pouco, e nunca merecerá ganhar pó na prateleira. Se ainda não teve a oportunidade de se deleitar com esta leitura considere visitar uma livraria e sentar-se um pouco na sua companhia. Duvido muito que resista a levá-lo para casa…

 

 

 

 

 

Novo artigo no BPJS

bpjs

Foi publicado um artigo meu (de 2011) no BPJS, no volume nº 1 de 2015, que por motivos de orçamento e edição só foi tornado público agora. Por vezes mesmo aquilo que já nem tínhamos esperança que visse a luz do dia finalmente aparece… Por causa deste processo demorado devo acrescentar que as ideias do artigo já não estão 100% actualizadas. A investigação avançou mais e algumas questões foram revistas. Ainda assim, na sua abordagem geral, continua a reflectir a minha base de trabalho: não dar um termo por garantido e pôr sempre questões ao COMO e ao PORQUÊ de cada coisa. Se pretender ler o artigo ele é de acesso gratuito através do site da revista.

Referência bibliográfica:

Matos, Inês Carvalho (2015) “Namban Labyrinth” , Bulletin of Portuguese / Japanese Studies, 2ª série, vol. 1, 77-108.

Para comentar, citar ou integrar num website, por favor escreva para umlongoveraonojapao@gmail.com

Informações sobre a revista:

O Bulletin of Portuguese / Japanese Studies (BPJS) foi lançado em 2000 como um jornal interdisciplinar de humanidades e ciências sociais, pelo então Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É uma publicação em língua inglesa, a única em Portugal dedicada aos Estudos Japoneses, e encontra-se indexada na ABX-CLIO, AERES, CARHUS Plus, CIRC, classifICS, ERIH Plus, MIAR, RedALyc, SHERPA/RoMEO, etc. O volume nº 1 de 2015 é o primeiro volume de uma nova fase do BPJS, com edição exclusivamente digital, sendo o painel editorial encabeçado pela Professora Doutora Alexandra Curvelo.

Pode aceder ao PDF do artigo aqui.

 

要旨

本稿では、いわゆる美術品と総称される可動性芸術遺産に適用される用語「南蛮」の起 源の再考を試みる。様式的、史的、文化的、等のジャンルの分類の基礎となる理論的・ 方法論的なアプローチを通じ、ポルトガルとポルトガル以外に存在する「南蛮」につ いての見解の潮流を比較し、その際だった差異を検証する。南蛮芸術を論じる際、芸術 としての認識に始まり、その美術作品が伝える内容、さらに付随する価値に至るまで、 複雑な迷路をさまよう感覚に陥る。本稿では既成された観念形態的な設定の解体を試み る。同時に、ポルトガルでの南蛮芸術に関する研究において、通常は考慮されることの ない(沈黙が保たれていたり、受け入れられずにいる)品々についても検討する。具体 的には、沈黙が保たれている対象がキリシタン殉教を描く作品類であり、受け入れられ ずにいる対象とは踏み絵を指す。それに加え、国際的美術品市場および21世紀に入り発 表され世界の広範囲に広まる論説でなされる偽りの価値も、南蛮美術史に関して本稿で 試みるような再評価を構築する要因となっている。その結果、美術史、美術地理学、形 状の移行についての文化研究、および「異種」の描写についての文化研究といった複数 研究分野の境界的領域に学際的研究分野が現れる。本稿は、人類が初めて経験するグロ ーバル時代に生み出され、植民地独立後の現代性の中で管理されるインパクトの前兆と なる作品の創造という観点における研究テーマとしての南蛮美術の紹介を試行する。

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