Networking: evento de Dezembro

À semelhança do que fizémos no mês anterior, também em Dezembro se realizou um evento de networking online, e também neste caso tivémos três oradores convidados. Dois deles, o João Maia e a Luisa Yokochi, permitiram a gravação das suas apresentações para registo público. Caso suscitem interesse, e se os quiserem contactar directamente para estabelecer colaboração, deverão consultar o campo de descrição de cada um dos vídeos no Youtube, onde encontrarão todos os links úteis.

Para além da apresentação desses convidados, também podem ver em baixo o vídeo sobre o financiamento a projectos culturais, que foi gravado para dar resposta a algumas das questões que nos fizeram durante o webinar e também à posteriori.

Networking – evento de Novembro

No dia 21 de Novembro realizámos o primeiro Webinar dedicado ao tema “O Japão em Portugal: oportunidades e networking“, para o qual tivemos felizmente uma participação muito generosa. Este Webinar foi realizado através da plataforma Zoom, teve acesso livre e gratuito, e reuniu 4 oradores, 12 membros de assistência participante e 27 inscrições. No dia 8 de Dezembro iremos fazer um segundo Webinar com o mesmo tema geral, uma vez que recebemos vários pedidos que não foi possível incluir no primeiro.

Partilhamos em seguida 3 vídeos que correspondem aos 3 oradores convidados externos a este Projecto Cultural e Pedagógico. Os contactos e informações sobre estes oradores podem encontrar-se no campo descritivo dos vídeos no próprio Youtube (no nosso canal).

Benefícios do Clube Privado

No início do ano lectivo, em Setembro, fomos confrontados com uma escolha difícil. Pela primeira vez desde o início do Projecto Cultural e Pedagógico Japão e Portugal (primeiramente designado “Um longo Verão no Japão”, como este blogue) escolhemos não abrir nenhum programa de aulas, workshops ou ciclos de conferências. Isto prende-se com o facto de a pandemia ainda não estar sob controle no nosso país e com o facto de assumirmos a responsabilidade de não promover comportamentos de risco.

Infelizmente os nossos receios vieram a comprovar-se, já que os meses de Outubro e Novembro vieram a revelar um aumento do número de fatalidades e surtos. Se nos tivéssemos comprometido com o habitual aluguer de espaços para as nossas sessões, ou com a aquisição de materiais pedagógicos e parcerias com professores, seria simplesmente impossível fazer face a essas despesas e o projecto estaria condenado a encerrar definitivamente. Assim, devido à nossa prudência, conseguimos pelo menos continuar a existir em teoria, aguardando melhores dias para retomar as actividades habituais. Entretanto, sem nenhuma actividade presencial, nenhuma participação em eventos culturais de outras organizações, e nenhuma possibilidade de angariação de fundos, mesmo as despesas fixas mínimas tornaram-se muito difíceis de cobrir. Por isso, em Outubro, abrimos uma nova frente: o Clube Privado do Projecto Cultural e Pedagógico. Aí, em formato virtual, temos feito os sorteios de prendas do Japão, temos colocado os recursos de aprendizagem de língua e cultura japonesa, os livros em PDF, os links para conteúdos relevantes para todos os nipófilos, e é também através do Clube que realizamos o lançamento das formações online, os directos, os webinars e as parcerias.

Portanto, o Clube está a constituir-se cada vez mais como a via de substituição virtual dos nossos conteúdos pedagógicos, para além de ser uma comunidade privada onde cada um dos seus membros pode estar à vontade para partilhar as suas experiências, falar de como foi ir connosco ao Japão, colocar questões e sugestões, ou participar gratuitamente nos webinars. O Clube funciona como um grupo privado da rede social Facebook, pelo que requer que os seus membros tenham conta de Facebook para aderir. Contudo, não desejamos excluir ninguém, e por isso – mesmo que não tenha conta de Facebook – se desejar ter acesso aos conteúdos do Clube (embora sem a parte da interacção) é perfeitamente possível contactar-nos nesse sentido e passarmos a enviar-lhe os conteúdos por email.

Escreva-nos para umlongoveraonojapao@gmail.com se não tem conta de Facebook mas gostaria de saber como beneficiar de ser membro do Clube.

Com efeito, a entrada para o Clube requer o compromisso de aderir às regras de funcionamento do mesmo e a disponibilidade de contribuir voluntariamente para a disseminação dos valores deste Projecto, bem como o donativo benemérito definido para o estatuto de membro. Esse donativo benemérito, que até 25 de Janeiro de 2021 se resume a 40 euros, ajuda-nos a cobrir despesas como a anuidade de pagamento de cota em entidades oficiais que certificam a nossa legitimidade e áreas de actuação, nomeadamente como entidade de educação e como entidade de consultoria e serviço nas áreas do turismo cultural no Japão, e também o pagamento das despesas inerentes ao registo de domínio próprio, caixa-postal, armazém para os recursos e materiais pedagógicos (que agora não podem ser usados), entre outros.

Para todos os nossos leitores poderem ter conhecimento das regras de funcionamento do Clube (como grupo do Facebook), colocamos aqui em baixo a transcrição das mesmas.

1 – Sem vendas, publicidade ou SPAM:

Neste grupo há espaço para cada pessoa ser inteiramente e livremente o que é, e isso passa por mostrar o que faz, quais as suas paixões. Contudo, sem vendas, publicidade ou spam.

2 – Sem racismo ou xenofobia:

Acreditamos que as “diferenças” são espaços para aprendizagem, que o “diferente” é curiosidade com potencial de descoberta. Neste grupo nenhuma forma de racismo ou xenofobia é aceitável.

3 – Sem empresas ou perfis-parasitas:

Sabemos que empresas e perfis-parasitas, cujo único objectivo é colonizar grupos e páginas são infelizmente muito comuns das redes sociais. Não são admitidos aqui neste grupo.

4 – Sem assédio ou imoralidade:

As fronteiras de confiança /conforto de cada um são algo muito fluído, podem ser mais amplas para uma pessoa e mais curtas para outra. Por esse motivo jogamos pelo seguro. Seja atencioso/a.

5 – Sem invasão de privacidade:

O grupo é privado por um motivo: não exponha os posts, imagens, vídeos ou outros conteúdos dos seus membros. Para este fórum ser livre e seguro todos devem comprometer-se a respeitar a privacidade.

Para além das regras em si mesmas, segundo as quais cada um dos candidatos pode ser incluído ou excluído do Clube, foram estipulados também dois princípios fundamentais:

1- Ser colaborador, voluntário ou contribuidor benemérito para o Projecto Cultural e Pedagógico Japão & Portugal e, de forma directa, contribuir para suportar, divulgar e apoiar as suas actividades, bem como as actividades da sua autora no que diz respeito à promoção da relação amistosa e cordial entre portugueses e japoneses, nomeadamente na esfera da cultura, arte, turismo e educação;

2 – Aceitar que todas as interações dentro deste grupo ou entre os membros deste grupo, mesmo fora da dimensão virtual, deverão ser norteadas pela adequação, cordialidade, respeito e valorização das especificidades cultuais de cada país / povo, não sendo de todo aceitável qualquer vestígio de agressividade ou intolerância entre os membros.

Até ao momento presente já foram realizadas as seguintes actividades (virtualmente) no Clube:

> Sorteio de caixas-presente de “souvenirs” do Japão. Três caixas-presente foram sorteadas entre os membros que entraram para o Clube até ao fim do mês de Outubro e foram enviadas para as suas residências por correio.

> Acesso a vários livros, dicionários e outros materiais pedagógicos com conteúdos relevantes para a aprendizagem da língua japonesa, e também livros de nutrição e receitas, artigos sobre história e arqueologia, todos em formato PDF, exclusivos para os membros do Clube.

> Anúncio antecipado (antes dos outros canais de divulgação) dos webinars e outras formações online, e acesso à chave de entrada nos mesmos, sem quaisquer custos ou limitação de data de inscrição.

Futuramente, pese embora o acesso ao Clube esteja sempre em aberto, as condições para entrada na qualidade de membro benemérito sofrerão ligeiras alterações, nomeadamente o valor mínimo de contribuição para a adesão permanente. Proporcionalmente, os recursos para os membros do Clube serão também mais desenvolvidos, com a previsão de entrada de mais recursos pedagógicos (em PDF), directos, webinars e outras formas de estarmos em contacto e em aprendizagem online.

Uma vez que o Governo do Japão anunciou recentemente o seu plano de vir a permitir a entrada de visitantes estrangeiros por curta duração a partir do Verão de 2021, esperamos que venha a ser possível retomar os nossos programas de visita ao Japão a partir do segundo semestre do próximo ano, pelo que os membros do Clube também virão a beneficiar de serviços tais como a consultoria especializada para a criação de itinerário de viagem e/ou a integração nos nossos grupos de visita cultural ao Japão (à semelhança do que já realizámos em anos anteriores).

Entretanto, para além da nossa plataforma no Facebook, que incluí a página em nome do Projecto e agora também o grupo do Clube Privado, os nossos leitores/seguidores podem também contar com o canal de Youtube. Neste canal têm sido colocados vários tutoriais, vlogs e entrevistas, incluindo entrevistas a amigos e colaboradores que estão no Japão, pelo que é um canal que nos permite estar mais próximos uns dos outros mesmo nestes tempos conturbados e imprevisíveis.

Em baixo indicamos três temáticas que temos trabalhado mais ultimamente (cada um dos links irá direccionar para uma lista de reprodução, contendo vários vídeos cada):

Rotas e Caminhos do Japão Antigo (até à data, 5 vídeos)

“À Conversa com…” – entrevistas e conversas com amigos e colaboradores, entre Portugal e o Japão. Lista com mais de 15 vídeos.

O que não pode perder! Dicas daquilo que não vai encontrar na maioria dos pacotes de turismo das agências de viagens. (até agora, 5 vídeos)

Mais e melhor turismo japonês em Portugal

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Todos os japoneses ouviram falar de Portugal na escola básica, nomeadamente quando estudaram História do Japão, uma disciplina obrigatória. Sabem, por exemplo, que a introdução das armas de fogo através dos portugueses, no século XVI, transformou profundamente as tácticas militares japonesas e veio a desencadear uma resolução mais rápida do período de guerras endémicas que se vivia na altura. Sabem também que os missionários cristãos que chegaram ao Japão por via da relação com Portugal tiveram grande impacto social e político. E, talvez até mais comummente, sabem que a introdução de doces à base de açúcar e ovos é um legado da presença portuguesa no país. De muitas e variadas formas têm uma vaga consciência de Portugal ser um país conhecido pelo Fado, Futebol, boa comida e pessoas calorosas, mas possivelmente não muito mais do que isso. Sobre o Portugal contemporâneo, os japoneses conhecem pouco. Isto é, se não forem tocados por um dos muitos “divulgadores” de Portugal que já existem no Japão.

 

( Temos mais vídeos sobre os japoneses que amam Portugal e que mostram a cultura portuguesa no Japão! Subscreva o canal de Youtube a apoie os nossos esforços para ligar estas pessoas e iniciativas entre Portugal e o Japão. )

 

Sendo autênticos “embaixadores” do nosso país, existem muitos japoneses e japonesas que, pela sua afeição a Portugal, aos portugueses e/ou à língua portuguesa, têm feito o digníssimo trabalho – muitas vezes por puro amor à camisola – de dar a conhecer os encantos do Portugal do século XXI. Mostram aos japoneses os produtos portugueses de melhor qualidade, sejam vinhos, azeites, comidas ou doces, ou fazem mostras de fotografias do nosso património cultural mais significativo. Organizam concertos de fado, muitos são eles próprios fadistas que aprenderam durante um período de estadia em Portugal. Organizados em pequenas associações, ligados a colectivos artísticos, ou a trabalhar para pequenos negócios familiares tais como galerias, mercearias e cafés, estes japoneses fazem chegar aos outros japoneses uma imagem de Portugal muito concreta e apetecível, feita de sabores, cores, simpatia e encanto. Essa é realmente a estratégia que melhor funciona junto do público japonês, e sem dúvida a que os faz ficar com curiosidade para saber mais sobre Portugal e, eventualmente, visitar.

A atracção manifesta-se de modos muito diferentes em cada cultura. O que faz alguém sentir vontade de saber mais sobre alguém? Sobre um lugar? O que faz alguém imaginar-se a ir, a aventurar-se, a conhecer? Para que o público japonês se sinta atraído por Portugal ao ponto de embarcar numa viagem ao nosso país é necessário que a cultura portuguesa lhe seja dada a experimentar quando ainda se encontra no Japão e através de interlocutores japoneses. E, não menos importante, o modo como isso se pode fazer com resultados positivos, depende de compreender aquilo que exerce efectivamente atracção significativa nos japoneses, aquilo que permite maturar a ideia e a decisão de visitar Portugal e investir no nosso país (mesmo se seja apenas como consumidor de turismo). Ou seja, as estratégias habituais de promoção de Portugal no estrangeiro, nomeadamente as campanhas publicitárias pensadas para o público norte-americano ou europeu, têm pouco ou nenhum resultado junto do público japonês, e podem ter até o efeito contrário!

 

( Vlogs de influencers, blogers a jornalistas, realizados por japoneses em visita a Portugal, têm tido um grande impacto junto dos japoneses. Este tipo de conteúdos veio a tornar-se cada vez mais popular a partir de 2010, sendo já mais visto do que as habituais reportagens de TV, que antes eram o principal meio de construção de “tendências” para os circuitos de turismo. ) 

 

Neste momento todas as actividades ligadas ao Turismo, e todos os profissionais qualificados desse sector (nomeadamente programadores culturais, guias-intérpretes, consultores, autores de conteúdos de divulgação, etc) enfrentam condições inéditas. O evento da pandemia era, em larga medida, inesperado e é indiscutível que arrastou para uma crise profunda todos aqueles que tinham usufruído das extraordinárias condições de expansão do sector na última década. Decisões governamentais tais como o encerramento de fronteiras e a filtragem da entrada de visitantes estrangeiros, não sendo iguais em todos os países, criaram condições para uma redução muito significativa da circulação de pessoas no momento presente e, num futuro próximo, irão conduzir à implementação de novas práticas e sistemas que nunca antes tiveram de ser considerados. No imediato, assistimos a uma mudança de direcção no foco da promoção das práticas veraneantes e de turismo, nomeadamente à reafirmação da lógica “vá para fora cá dentro” e do “visite Portugal”. Apesar de meritória, esta direcção é na verdade de curto alcance, e a insistência na mesma para a sobrevivência do vastíssimo sector do Turismo e Património Cultural em Portugal é inevitavelmente votada ao fracasso. A única possibilidade de sustentabilidade é a retoma de um fluxo de visitantes externos, ávidos de qualidade, receptivos a realizar investimento, e com boas práticas ao nível do respeito pelo património cultural e pelas comunidades que visitam.

Os turistas japoneses, que já são famosos pelo modo como têm orgulho em deixar tudo limpo e salubre à sua passagem, apresentam-se como um tipo de visitante que estima enormemente a manutenção da beleza, segurança e autenticidade dos espaços por onde passam. Têm profunda aversão à descaracterização de lugares (mesmo os que visitam no estrangeiro) e apoiam muito significativamente os circuitos de produção de artigos regionais, sobretudo quando têm um elevado valor cultural e boa qualidade. Por tudo o que foi acima exposto, atrevemo-nos mesmo a a considerar que o turista do Japão é o turista ideal (se não “o” pelo menos “um dos”) para o Portugal pós-pandemia. E, portanto, deveria ser fortemente desenvolvida a estratégia de promoção de Portugal como destino de visita junto do público japonês, no Japão, usando as pessoas, redes e sistemas previamente existentes e que tão bons resultados já foram alcançando. Agora, mais do que nunca, importa partir do que funciona e amplificar, criando condições para que o circuito de visita a Portugal por parte dos turistas japoneses, nos seus variados tipos e géneros, seja cada vez maior e mais profundo, preferencialmente dando a conhecer um Portugal que valha a pena revisitar múltiplas vezes, ou mesmo escolher como residência para os anos dourados das suas vidas.

Assista à nossa conversa com os representantes oficiais do Turismo de Portugal no Japão, disponível em dois vídeos (acesso por Youtube). Agradecemos a partilha dos vídeos e a subscrição do canal, para podermos continuar o nosso trabalho.

 

 

Se não conseguiu ver os vídeos acima indicados, siga estes links:

Parte 1

Parte 2

 

 

Séries para ver em japonês

 

capa ainori

Ver uma série numa língua estrangeira pode ser uma excelente forma de nos mantermos expostos a essa língua. E agora, visto que temos menos oportunidade de contacto pessoal e directo, as séries podem dar uma ajuda aos estudantes de língua japonesa em Portugal. Contudo, é preciso ter em conta certos aspectos:

A série deve ser realista, ou então uma série do estilo “reality tv”, para que a conversação seja natural, o menos editada possível para efeitos dramáticos (porque esse tipo de conversação não é realmente usada no dia-a-dia japonês).

A série deve tratar aspectos da sociedade japonesa que sejam actuais e relevantes, de modo a permitir que a imersão seja não só linguística mas também cultural.

A série deverá ter, idealmente, o uso de língua japonesa em registos diversificados, ou seja, com diferentes níveis de língua (formalidade/informalidade), dialectos e sotaques, vocabulário, etc.

Por fim, é importante que o tema da série seja adequado à idade e à capacidade de entendimento subjectivo de quem a vê.

Em relação ao uso de legendas (em português ou numa outra língua que o espectador domine), isto depende do nível de entendimento de japonês de cada um. Nesta série que recomendamos, o aluno intermediário/avançado poderá ver facilmente sem legendas. O aluno de iniciação necessitará de legendas, mas pode usar a série como apoio ao estudo na medida em que proporciona uma ocasião de exposição ao registo sonoro da língua japonesa. E, porque não levar algumas anotações para as aulas e apresentar questões ao seu professor/a de japonês?

ainori | Tumblr

Encontrámos recentemente uma série que cumpre todos estes requisitos e que para além disso ainda lhe soma alguns. A saber:

É uma série que permite a quem a vê “viajar” por todo o sudoeste asiático e constatar as reacções, gostos e interacções entre os viajantes, que são japoneses. Portanto, ficamos a conhecer o modo como os japoneses convivem uns com os outros, comunicando e resolvendo problemas, mas também somos testemunhas do modo como estes mesmos japoneses se relacionam com as diferentes pessoas e situações do sudoeste asiático que vão encontrando.

Ainori Love Van: Ásia Netflix série - Filmes-Online.pt

Nesta série tratam de forma profunda, reflexiva e compassiva vários assuntos problemáticos e mesmo tabu no Japão, como por exemplo a questão de Taiwan (no contexto da política internacional), o tema dos direitos humanos das pessoas LGBT e a sua percepção pelo resto da sociedade, os jovens adultos que têm vidas muito isoladas por causa de traumas de saúde mental ou por causa de terem sido vítimas de bulling, entre outros.

Nesta série, devido ao modo como foi editada, são usadas profusamente “legendas” em japonês (kanji/kana), para enfatizar certas frases ou comentar certos momentos. O facto de surgir texto em japonês no ecrã, correspondente ao que é dito e até empolando certas expressões com diferentes artes gráficas, permite a quem vê praticar o japonês ouvido e lido, e eventualmente até enriquecer o seu conhecimento de kanji e de vocabulário.

Veja o vlog em que descrevemos a série ( SEM SPOILERS) e explicamos porque é que os alunos de japonês devem assistir:

Lições do Japão

Neste momento o mundo enfrenta uma pandemia inédita. O Covid-19 é uma doença nova, sobre a qual ainda há muito que não se conhece e infelizmente já trouxe grande sofrimento a muitos de nós. Respeitamos os que, com bravura, cuidam da nossa saúde, alimentação, segurança, gestão pública, e também de todos os que continuam a produzir arte e cultura para alimentar a mente e o coração. Durante vários dias, ponderando se deveríamos criar um post para este blog, colocou-se a questão “como fazer a diferença pela positiva?”. Com efeito, não faz sentido agora mostrar as experiências em viagem, porque as viagens desta Primavera estão suspensas. Também não podemos mostrar as aulas, workshops, cursos e exposições, porque também isso ficou adiado por tempo indeterminado. Podemos sim contribuir com um pouco de sabedoria e conhecimento no sentido de procurarmos todos proteger-nos o melhor possível. Há um lugar para onde nos voltamos sempre: o Japão. E por isso voltámos a essa premissa inicial, a essa fonte de inspiração, para criar este artigo. Esperamos que gostem e que estejam bem, se possível em isolamento social ou quarentena, para que o futuro venha a ser melhor do que o presente.

 

1.  A cultura de não tocar no rosto

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No Japão a etiqueta de comportamento correcto para cada situação tem, mesmo nos dias de hoje, uma grande importância. De modo geral, podemos dizer que na sociedade japonesa há mais consciência sobre o gesto, e sobretudo sobre a sequência de gestos e suas repercussões. Por exemplo, se um cliente ou consumidor de um estabelecimento vir que o funcionário da loja toca muito no seu próprio rosto, vai evitar pegar os artigos expostos para venda naquela loja, porque vai recear que estejam tocados pelo funcionário. A resposta é imediata, digamos que nem sequer é consciente, mas por trás da atitude está a consideração implícita de que poderão ter vestígios de suor, saliva, ou outros fluídos, e por isso não seria higiénico.

Para ambos os géneros, homens e mulheres, tocar frequentemente no rosto ou cabelo, é considerado inapropriado. Se feito em demasia dá a impressão de alteração de estado de espírito, ansiedade, nervosismo, e por isso é indicador de fraqueza de carácter. Tocar frequentemente na cara, como se não pudesse ter controlo sobre esse “tique” é portanto algo que diminui a credibilidade de uma pessoa. É algo tão profundamente imbuído na cultura que, desde cedo, as crianças aprendem a limitar o gesto de tocar no rosto.

As mulheres japonesas têm esta regra de “não tocar no rosto” como um mandamento rigoroso. As geixas e maikos dão-nos uma ideia do quão complicado é fazer a maquilhagem tradicional japonesa, a que seria usada por senhoras dessa ocupação mas também – em versões semelhantes – pelas damas de boas famílias. O gosto por uma pele branca de porcelana, lisa e imaculada, fez as japonesas apreciarem sempre os cremes de branqueamento do rosto e o hábito de não tocarem na cara. As mães japonesas do século XX habitualmente davam uma pequena palmada na mão das suas filhas adolescentes se as viam a coçar a cara ou apertar uma borbulha, para as desabituar desse gesto.

Quando o desconforto do rosto aumenta, especialmente no Verão, porque o calor e humidade provocam suor, os japoneses usam um lenço de bolso ou uma pequena toalha para absorver a humidade e apaziguar o desconforto, sem fricção na pele. Este modo gentil cria, de modo natural, muito menos contactos entre a mão (dedos) e o rosto directamente. De modo indirecto isso reduz também a quantidade de vírus e bactérias que colonizam o rosto ou que podem causar infecção por via das mucosas ou das vias respiratórias.

Apaziguar o estado interior, ter plena consciência de todos os movimentos do seu corpo, controlar todos os gestos, é uma parte fundamental de várias artes tradicionais japonesas, desde as artes marciais do Bushido até à Cerimónia do Chá, passando pela meditação zen e muitas outras práticas. Há uma certa “familiaridade” entre todas elas, e que também se manifesta de modo prosaico nas coisas do dia a dia, simplesmente porque faz parte da educação das pessoas aquando da sua socialização, primária e secundária.

 

2. As máscaras

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No Japão o uso de máscaras para o rosto é muito mais corriqueiro que no ocidente. Por terras de sol nascente as máscaras podem servir vários propósitos e há tantas variedades que as possibilidades são quase infinitas. Heis algumas das situações em que é perfeitamente banal usar máscaras de rosto no Japão, e o tipo de máscara que se usa:

Cenário A

Homem jovem acorda com ligeiro desconforto na garganta. Ao abrir a janela para iluminar a casa respira o pólen das árvores em frente da casa e espirra imediatamente. Habitualmente sofre de “kafunshou”, ou alergias de Primavera, por isso vai logo buscar as suas máscaras habituais, que tem sempre em casa. São muito confortáveis porque duram o dia inteiro, são feitas de fibras sintéticas, em várias camadas, e o exterior é branco, monocromático. Como a camisa que tem de usar para o trabalho é também branca, esse tom sóbrio é o melhor. Usa-as logo ao sair de casa porque vai apanhar o metro e não quer espirrar para cima das outras pessoas. Se espirrar várias vezes ao longo do dia terá de substituir a máscara provavelmente, por isso leva outra na mala.

Cenário B

Mulher jovem acorda um pouco atrasada de manhã. Depois de se arranjar para sair verifica que já não tem muito tempo para arranjar o cabelo e a maquilhagem, o que a incomoda muito. A empresa onde trabalha, como é regra no Japão, exige código de vestuário e apresentação, por isso tem mesmo de conseguir arranjar-se convenientemente antes de entrar no trabalho. Felizmente o local onde mora fica a meia hora de comboio do trabalho, e durante as primeiras estações o comboio costuma estar pouco cheio. Sabe que é contra o regulamento da companhia de transportes fazer a maquilhagem no comboio, mas desta vez vai ter de o fazer, já que não terá tempo de se arranjar em casa. Não precisa de ficar absolutamente perfeito, já que na empresa pode ir à casa de banho arranjar-se melhor. Mas tem de ser o suficiente pelo menos para colocar maquilhagem nos olhos, já que o resto pode tapar com uma máscara simples de pano branco. Coloca então tudo o que precisa na mala, a máscara no rosto e sai para a rua. Irá com a máscara todo o caminho até à empresa. Ninguém irá estranhar nada porque as pessoas costumam usar máscaras pelos mais variados motivos. Em ocasiões anteriores já usou por ter uma borbulha na face que não queria que vissem.

Cenário C

Rapaz adolescente regressa a casa muito tarde, vindo do centro de explicações. Está muito mais frio do que pensava e nem sequer levou o casaco porque se esqueceu dele na escola. Durante o caminho para casa, que faz de bicicleta, começa a chover. Ao chegar a casa, encharcado, vai logo tomar um banho quente, mas mesmo assim no dia a seguir tem uma constipação. É só um ligeiro corrimento nasal e garganta dorida, mas mesmo assim tosse de vez em quando. Antes de sair de casa verifica se tem febre. Segundo o regulamento da sua escola, se tiver febre superior a 38 graus não pode ir, mas desde que a febre seja baixa não tem dispensa das aulas. Como tem apenas 37 graus, nem sequer se qualifica como febre, e então coloca no bolso duas máscaras azuis baratas, daquelas que se compram na loja de conveniência, e vai colocando uma enquanto sai de casa. Vai ter de usar máscara todo o dia, inclusive nas aulas. Mas até não é mau, porque os professores costumam ser mais benevolentes quando vêm os alunos com máscara. Assumem que estão constipados ou com alergias e que os medicamentos que estão a tomar dão sonolência, por isso não se importam quando eles adormecem nas aulas. Hoje vai aproveitar para dormir nas aulas da manhã.

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Em qualquer uma destas 3 situações, nenhuma das máscaras usadas tinha qualquer efeito na prevenção efectiva de vírus e bactérias. Embora seja possível comprar máscaras com capacidades mais “médicas”, a verdade é que a maioria daquelas que se usam servem apenas para barrar a projecção de gotículas ou poeiras, e sobretudo ocultar a face. A ocultação da face, através do uso da máscara, pode até ser assumida de modo decorativo, através do uso de máscaras bonitas, personalizadas, em sub-culturas de moda como a “lolita” por exemplo. As jovens japonesas, que cultivam o ideal de “aparência de extrema timidez”, escolhem muitas vezes usar máscaras para expor o menos possível o rosto, e consequentemente ocultar a manifestação clara das suas emoções através da expressão facial. Esconder, ocultar, tapar, é um traço apreciado na cultura japonesa, por oposição às ideias ocidentais de mostrar e exibir claramente o rosto e todas as expressões emocionais. Um rosto descoberto na sua totalidade, com uma expressão franca e desinibida, olhos bem abertos, boca que se articula sem vergonha, tudo isso que é visto na cultura ocidental como franqueza e autenticidade, é na cultura japonesa algo desconcertante, que pode inclusivamente tornar o interlocutor (japonês) muito desconfortável.

Por ser algo banal, o uso da máscara no Japão não assusta ninguém, não transmite a sensação de perigo de saúde pública. E também por ser banal, há em abundância nas lojas e toda a gente já tem algumas de reserva em casa. As pessoas podem usar máscaras que eventualmente pouco ou nada eficazes são contra um vírus como o COVID, mas pelo simples facto de as usaram já emitem menos projecção de tosse ou espirros para os outros, e tocam muito menos na face. Essas duas consequências são, por si mesmo, já algo benéfico para o controlo da viralidade desta doença.

 

3.  A entrada da casa

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Na arquitectura tradicional japonesa, do foro doméstico, existe um espaço específico na entrada denominado “genkan”. Este espaço foi tendo um modelo variável ao longo do tempo, mas algumas das suas características essenciais estiveram sempre presentes. O “genkan” fica sempre na entrada da habitação (seja ela familiar ou um alojamento que recebe hóspedes), estando num nível inferior em relação ao resto da habitação (é necessário subir um degrau para lhe aceder). Geralmente, antes do “genkan”, há um pequeno jardim com uma fonte de água, para lavar as mãos e o rosto. No jardim, junto à fonte, ou então na primeira parte do “genkan”, deve sempre haver esse espaço de limpeza e também uma fonte de luz/fogo. Antigamente o elemento luminoso assumia a forma de uma lanterna de pedra mas modernamente pode ser uma luz eléctrica. Nos apartamentos japoneses modernos, se o “genkan” não puder ter uma zona de lavagem, a entrada para o wc pode fazer-se lateralmente, antes de entrar no resto da casa.

O “genkan” tem duas funções essenciais: arrumar o que é da rua (e que se pega nesse lugar antes de sair e ali se guarda ao regressar), e arrumar os sapatos. Os movimentos das pessoas no “genkan” são executados de modo que o que é “da rua” nunca passe para o patamar de cima (acima do degrau), e o que é “de casa” nunca passe para o patamar de baixo. Os sapatos por exemplo, se são os da rua, não se tocam com as mãos, e os chinelos de casa não se descem. Esta maneira muito prática de dividir o que é de dentro e de fora, apurada ao longo dos séculos, é a disciplina mais eficaz para separar os germes exteriores do ambiente higienizado do interior. Se um apartamento tem menos espaço do que uma casa tradicional, o “genkan” pode ter menos espaço de arrumação para malas, casacos e sapatos, mas as funções são as mesmas.

Na fotografia acima, do lado direito, é possível ver uma sapateira. Junto à sapateira há um estrado de madeira no chão. Este estrado está apenas a poucos centímetros do chão de pedra, mas está efectivamente separado deste. Quando uma pessoa entra na casa, com chão de pedra, deverá descalçar os sapatos voltado para a sapateira, sem poisar os sapatos no estrado de maneira. O estrado de madeira serve para a pessoa estar de meias ou de pés nus, depois de se descalçar, enquanto coloca os seus sapatos nas prateleiras. A partir do estrado de madeira, a pessoa que acabou de entrar em casa passa para o degrau superior, onde calça os chinelos. Os chinelos já estão ali alinhados à espera da próxima pessoa que vai entrar.

No móvel que se pode ver em frente à sapateira, no lado esquerdo dessa mesma foto, podem guardar-se casacos, chapéus, e malas. Todas essas coisas devem poisar-se ali antes de tirar os sapatos e antes de entrar em casa. Normalmente coisas como loção de creme para mãos, um pequeno espelho, as chaves de casa, etc, também são deixadas nesse espaço.

A fonte, que na arquitectura tradicional fica junto à entrada e nos apartamentos modernos é substituída pela entrada lateral para um wc, complementa este modelo perfeito de higienização profilática, já que se lavam as mãos antes de entrar no lar propriamente dito.

 

4. Percepção de espaço pessoal, distanciamento, etiqueta

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Uma vez estando no Japão, e nas mais variadas situações, em contexto de interacção social, assumimos uma percepção de espaço pessoal que é muito diferente daquela que é mais comum no mundo ocidental, e especialmente nas sociedades de matriz latina, como é o caso de Portugal.

Como se pode ver nas fotos acima, que são representações realistas de eventos quotidianos, cada indivíduo tem uma “bolha” de espaço pessoal que é muito maior do que seria, por exemplo, em Portugal. Assim, esse espaço inviolável, não é penetrado levianamente. Possivelmente, apenas entre os membros da família próxima a “bolha” pode ser menor ou perto de zero. Mas, de modo geral, não há toque directo e nem sequer proximidade entre as pessoas. O espaço que está à volta de uma pessoa é variável conforme o tipo de situação, mas nunca é menos de 1m (do centro do corpo).

Quando os amigos se encontram para tomar um café e conversar, o amigo ou amiga que já se encontra no local cumprimenta com um aceno de mão junto ao corpo (como se vê em cima), ou com um pequeno aceno de cabeça (já que são amigos próximos), mas não com beijos, abraços ou “passou-bem”. Quando os amigos conversam no café estão sentados a uma distância de aproximadamente um metro, podendo estar directamente frente-a-frente ou ligeiramente de lado. Não é educado inclinar-se ou tocar no outro. Quando é preciso dar alguma coisa, seja para pagamento numa loja ou oferta de um presente, há um local para o fazer. No caso das lojas há um pequeno tabuleiro junto à caixa onde se coloca o dinheiro, este não é entregue em mão ao funcionário que está na caixa. Quando uma pessoa quer dar a outra o seu cartão com o cargo que exerce e os contactos, apresenta o cartão voltado para quem o está a receber, e toca-lhe o menos possível. Mantém os seus dedos nos dois cantos do cartão mais próximos de si, de modo que a outra pessoa peque o cartão pelos dois cantos que lhe estão mais próximos, sem que tenha de tocar onde o outro tocou. O pormenor poderá parecer excessivo numa descrição como esta, mas na realidade do dia-a-dia, estes gestos estão já muito naturalizados, e quando uma pessoa vive no Japão absorve estes comportamentos com relativa rapidez, verificando que são muito convenientes.

A saudação com vénia, que serve para “olá” e também para “adeus, até breve”, e que se pode ver acima entre duas senhoras junto à entrada de uma estação de transportes, também demonstram apreço e respeito, e uma verdadeira ligação entre as pessoas, sem que seja preciso qualquer tipo de contacto físico directo. Estas práticas conduzem a uma menor probabilidade de passagem de vírus e bactérias entre as pessoas, sendo esse um benefício indirecto mas muito bem vindo neste momento.

 

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Na data em que estamos a escrever este artigo, o Japão está também a sofrer os efeitos desta pandemia, como todas as outras nações, mas efectivamente demonstrou até à data um resultado estatístico muito abaixo daquilo que seria de prever dada a sua proximidade com a China e a Coreia, ambas gravemente afectadas. Apesar de ter uma população muito envelhecida e cidades onde a proximidade de pessoas em transportes públicos e locais de trabalho é inevitável, o Japão talvez esteja a usar a seu favor alguns dos elementos acima apresentados, pelo que a sua importância não deve ser subestimada.

Desejamos a todos os nossos leitores que se encontrem seguros, saudáveis e bem, e esperamos que possam olhar para o futuro com optimismo e esperança. Vamos procurar ajustar os conteúdos deste blogue às necessidades dos nossos tempos, e estamos também a publicar regularmente no nosso facebook .

 

 

 

O que diz quem foi ao Japão

Visitar o Japão com um programa feito à medida é substancialmente diferente de ir apenas “fazer turismo”. Acreditamos que o país, a sociedade, a cultura e as pessoas têm muito para descobrir, e que cada ser humano é único nas suas preferências e na sua personalidade. Mostrar o Japão real, “ensinar” o Japão através da experiência prática e imersiva, não é igual para todos. Nenhuma experiência pedagógica é. Nos workshops, nos cursos e em todas as outras ocasiões formativas seguimos esse princípio, na visita – em viagem – também.

A Mariana, que nos contactou em meados de 2019, tinha um sonho: ir ao Japão. O seu percurso de vida e as suas escolhas já a tinham levado a implementar um conceito muito japonês em Portugal: o pet-café ( Pet & Tea, localizado na Baixa de Coimbra, o primeiro nessa cidade, e um dos primeiros no país). Ao conhecer a Mariana logo se percebeu que para ela o factor “gastronomia” era uma via fundamental para entrar na cultura japonesa, até porque a sua vida profissional passa precisamente por imaginar, confeccionar e servir a felicidade através da comida, no seu café e na sua vida.

Claro, para além desse factor, também foram tidos em conta outros vectores, sempre na perspectiva de responder à questão:  “Como tornar a experiência da Mariana no Japão em algo que inclua a aprendizagem de todos estes conteúdos específicos que queremos introduzir (de história, arte, cultura, língua, etc) e ainda a diversão e alegria que caracterizam umas merecidas férias?”. O resultado, pelas palavras da própria, pode ver-se nestes dois vídeos, filmados já em Fevereiro de 2020, na sala dos gatinhos *, no seu café.

 

 

* Os gatinhos da Pet & Tea são resgatados da rua e estão para adopção.