Inscrições abertas para mais um ano lectivo de língua japonesa!
Inscrições abertas para mais um ano lectivo de língua japonesa!
Estamos a receber inscrições para o Curso Intensivo de Introdução à Língua Japonesa, o qual irá decorrer no mes de Julho.
Se quer fazer a inscrição em nome do seu filho/a, indique no e-mail a idade do/a menor e certifique-se que reúne as condições para participar.
Informações e inscrições por e-mail: umlongoveraonojapao@gmail.com
No passado dia 26 de Maio realizámos em Coimbra o primeiro “Vamos Japonicar!” em Portugal.
O nosso evento teve como base o modelo oficial da Japan Foundation, pólo de Madrid, a qual nos deu informação e autorização para concretizar o “Vamos Japonicar!” do sábado passado. O modelo espanhol tem o título “¡Vamos a nihonguear!”, e por isso a versão em Portugal ficou com o título “Vamos Japonicar!”. Para saber mais sobre o “¡Vamos a nihonguear!” consulte a página oficial .
Apesar de termos de respeitar certos parâmetros, a verdade é que foi necessário fazer várias adaptações para que o evento fosse bem sucedido no contexto português. Desde logo o alinhamento das actividades é uma criação original nossa, pois para além de darmos um tema geral – férias de Verão – também criámos actividades específicas e sequenciais para fazer ao longo das duas horas de duração do evento. A parte de conversação orientada foi aqui muito mais trabalhada, já que os alunos tinham três etapas de conversação diferentes: primeiro sobre o jogo da karuta e as expressões lidas a partir do jogo; segundo sobre os lugares que mais gostavam na cidade e região (conversando portando dos seus interesses e hábitos); terceiro sobre que lugares e actividades seriam ideais para planear de um dia de férias (a última actividade consistia na criação de um plano para um grupo de pessoas e com um orçamento pré-definido).
O facto de realizarmos este evento em Coimbra e portanto de termos uma maioria de participantes da região, também influenciou o modo como coordenámos o evento. Quase 100% dos participantes eram estudantes da Universidade de Coimbra, tanto os japoneses que estão por cá a fazer o curso de língua portuguesa para estrangeiros como os portugueses que são ou já foram nossos alunos nos programas de língua japonesa. Contudo o evento foi aberto a toda a sociedade, e se pudermos vir a realizar mais iremos manter a porta aberta para participantes de todas as idades e proveniências, desde que com o nível A1 já realizado.
Este foi mais um evento sem fins lucrativos, no qual tanto eu (Inês Matos), como a docente de língua japonesa (Ayano Sensei) trabalhámos voluntariamente e de modo independente de qualquer instituição. O preço de entrada (que não era obrigatório, já que vários estudantes com necessidades económicas entraram sem pagar) era apenas dois euros por pessoa, para cobrir a despesa do aluguer da sala. Naturalmente estamos muito satisfeitas com o evento, pois teve grande adesão – 25 participantes! – e proporcionou a oportunidade de estes dois grupos de pessoas se conhecerem e poderem no futuro continuar a aprender a língua uns dos outros e a respeitarem as diferenças de cultura e mentalidade uns dos outros.
A todos os que estiveram presentes, e que com a sua boa-disposição, tolerância, simpatia e amizade tornaram este evento uma verdadeira ocasião de partilha e de crescimento, estamos profundamente agradecidas!
Nos primeiros artigos dedicados a aprender japonês com séries já cobrimos grande parte da questão da metodologia. Neste artigo vamos dar exemplos práticos a partir de uma nova recomendação de série.
A série chama-se “Sutekina sen taxi”, ou seja, o Taxi de qualidade superior. Na internet também a encontram com o nome Time-Taxi (se procurarem versões legendadas em inglês).
Nesta série há temas distintos entre cada episódio, por isso é fácil criar um dossier com temas de estudo por cada episódio. Para além disso, essa estrutura introduz sempre personagens novas, com novas formas de se expressarem. A narrativa é simples e não nos distrai da aprendizagem da língua. Basicamente existe um taxista e o seu taxi, os quais se comportam em tudo como um taxi normal no Japão, excepto no facto de – para certos clientes – ele oferecer o serviço adicional de viajar ao passado para ajudar os seus passageiros a fazer diferentes escolhas nas suas vidas. Em alguns casos o taxista claramente envolve-se com o drama do passageiro, e quer ajudá-lo a todo o custo. Não é uma série desprovida de adrenalina, mas não é decididamente uma série com muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Há uma clara prioridade na comunicação: primeiro entre o taxista e o passageiro (para que aquele o possa ajudar), depois entre o passageiro e as outras pessoas na situação do passado que ele revisita (para que a possa mudar), e por fim entre as pessoas do café onde o taxista vai muitas vezes – e que são aquilo que não muda ao longo da série.
O primeiro episódio abre com o nosso taxista a observar atentamente o menu do café. O nome do café (“Choice” em inglês, ou seja “Escolha”) e o facto de estar impresso na capa de um menu já é uma dica para o tema da série: as escolhas de vida e a ideia de “voltar atrás no tempo” para fazer escolhas diferentes. As séries japonesas estão cheias de pequenas referências como esta…
A primeira fala da série não é do taxista, mas sim da empregada do café, a qual – claramente farta de esperar – faz ainda um esforço por ser educada e pergunta:
“Ano… Okimari desu ka?” = Hummm… Já se decidiu?
Kanji: 決 – decidir, determinar, chegar a um acordo
Note-se como a empregada diz okimari desu ka = お決まり ですか?(leitura do verbo: おきまり) que é a forma educada, já que num discurso informal se usaria “Kimeta?” = 決めた?Dentro dos vários níveis de linguagem, os empregados de café ou qualquer outra pessoa que, no exercício da sua função esteja ao serviço de outros, vai naturalmente usar este nível mais formal.
O taxista ainda não decidiu e por isso responde-lhe:
“(T)chotto matte moraimasu.” = Espere mais um bocadinho.
ちょっとまってもらいます.
A escolha de resposta dele está conforme o nível de linguagem anteriormente usado. Não se conhecem, são apenas cliente e funcionário. Entre amigos chegados poderia usar-se apenas “(T)chotto mate kudasai” ou até sem “kudasai”.
Com a resposta do taxista a empregada do café perde um pouco a paciência. Apesar de o seu tom de voz continuar baixo e calmo não deixa de desabafar:
Daibu matte masu kedo. = À espera já estou eu há muito tempo.
だいぶ待ってますけど
Kanji: 待 – aguardar, depender de
“Daibu” é usado geralmente para expressar algo que foi demais, mais do que o esperado pelo menos. Pode fazer-se equivaler à expressão “consideravelmente” mas na linguagem corrente é usado sobretudo para expressar “Em vez disso (o que quer que tenha sido dito antes) deveria considerar-se que…”. Gramaticalmente é simultaneamente um advérbio e um adjectivo.
Por exemplo, se alguém disser que gasta muito dinheiro em livros podemos responder com a frase:
私は図書館の本をだいぶ借りた / Watashi wa toshokan no hon o daibu karita
pode entender-se como:
Querem ver o resto do episódio? Força! Mas não se esqueçam de estudar japonês 😉
19 de Maio (sábado), das 17h às 18:30h, no Instituto Universitário Justiça e Paz.
Neste workshop linguístico aprenderá a pronunciar, compreender e usar as 10 expressões mais úteis em língua japonesa (e outros conteúdos associados), as quais farão toda a diferença na sua experiência de viagem.
Este workshop foi concebido para aumentar a qualidade da experiência daqueles que planeiam visitar o Japão brevemente, desejando conhecer previamente alguns elementos da sua língua, cultura, história e sociedade. Para além deste workshop linguístico existem outros eventos de formação previstos, ao longo dos meses Maio, Junho e Julho.
Para mais informações escreva-nos para umlongoveraonojapao@gmail.com
Contribuição para este workshop:
10€/pax – com todos os materiais pedagógicos incluídos.
Este post foi editado a 28-03-2018 de modo a incluir alterações de agenda, as quais foram motivadas pelo cancelamento dos grupos A e B de língua japonesa.
O calendário de aulas para o grupo C (intermédio) é o seguinte:
entre as 21h e as 22:30h, sextas-feiras
Abril: 6, 13, 20 e 27; Maio: 4, 11, 18 e 25; Junho: 1, 8, 15 e 22
Total de aulas previstas neste trimestre: 12. Valor: 120 euros.
As inscrições para as aulas deste trimestre com os valores acima indicados decorrem até ao dia 5 de Abril, considerando-se imprescindível para o registo de inscrição o envio de comprovativo de pagamento para este email: umlongoveraonojapao@gmail.com.
Os alunos do ensino superior com dificuldades económicas poderão inscrever-se liquidando o mínimo de 50% no acto de inscrição, sendo o restante 50% necessariamente liquidado até ao dia 4 de Maio.
Para inscrições recebidas depois do dia 5 de Abril o valor da contribuição trimestral é calculado a 15 euros por aula (em vez de 10 euros).
Todos os interessados em integrar estas aulas e que não sejam ainda alunos do nosso programa poderão solicitar diagnóstico (gratuito).
Para saber mais sobre os objectivos desta rubrica por favor leia este post. Para saber mais sobre a primeira recomendação desta rubrica, que é uma série de animação, leia este post.
Como a principal preocupação aqui é ajudar os nossos alunos de língua japonesa e todos aqueles que estão a procurar aperfeiçoar o seu japonês, vamos focar-nos agora em recomendações práticas e metodológicas. Independentemente da idade, género, preferências e gostos do aluno, é importante ter em mente que o primeiro requisito para um estudo bem sucedido é a metodologia. E se a palavra o incomoda basta substituí-la por “atitude”. Se o aluno simplesmente vê as séries, passivamente, colherá apenas benefícios mínimos da experiência imersiva da qual falámos no primeiro post desta rubrica. Por outro lado, se a sua “atitude” for activa, a série servirá para lhe abrir as portas da língua japonesa sem contudo deixar de lhe proporcionar prazer/entretenimento. É certo que pode ser incómodo, ao início, instrumentalizar assim uma série e interromper os episódios constantemente, mas ao entender as subtilezas de discurso e de drama que antes lhe estavam vedadas irá desfrutar ainda mais do programa que está a ver.
Para sabermos mais sobre esta “atitude” vamos começar por uma expressão japonesa:
テレビを見ることは受動的活動である。(Ver televisão é – por definição – uma não-actividade / é passivo.)
A palavra-chave da expressão acima é 受動的 (leitura: じゅどうてき), que transmite a ideia de não-acção, passividade, contemplação, quietude, sentido acrítico. Pode ser o ideal para um passeio no bosque, a meditação zen ou a visita a uma galeria para contemplar obras de arte, mas não é considerado algo positivo quando o observador está exposto aos media e muito menos quando está a procurar aprender alguma coisa com eles. Por isso, em vez de 受動的, o aluno deve procurar ser 能動的 (leitura: のうどうてき), isto é, activo. O primeiro kanji ( 能 ) diz respeito à habilidade, talento ou capacidade, e o segundo kanji ( 動 ) apresenta-nos os valores (ambíguos) do movimento, mudança, choque ou convulsão. Ter uma atitude 能動的 não é só ser activo mas também saber usar a dinâmica da actividade para enriquecer ainda mais os talentos que já possuí, usando por isso a habilidade que já tem de modo incipiente para a aumentar exponencialmente.
A partir deste ponto é necessário fazer uma diferenciação na metodologia: de um lado há aqueles que necessitam de legendas na sua língua materna (ou inglês, que é mais frequente), e do outro há aqueles que avançam mais se virem as séries com legendas em japonês. O “segredo” de um estudo bem sucedido é a adequação das capacidades que se pretendem adquirir com aquelas que já se têm, pelo que as ferramentas a pôr em prática são diferentes conforme o nível de proficiência do aluno.
Para um aluno que veja a série com legendas na sua língua (ou numa outra língua que domina bem) também se aplica o que se dirá a seguir para os alunos mais avançados, mas com ligeiros ajustes. O aluno de iniciação pode fazer, por exemplo, um dicionário de expressões coloquiais, ou mesmo um quadro de falas típicas de cada uma das personagens, o que o ajudará a compreender o discurso quotidiano e a correspondência entre perfil da personagem e nível da linguagem utilizada. Para que esta estratégia funcione é importante que as legendas tenham sido bem colocadas, o que infelizmente nem sempre acontece nos serviços de fan-sub (fãs que criam as legendas de modo amador, colocando assim as séries disponíveis em sites de acesso gratuito).
Para o aluno que já consegue acompanhar uma série com legendas em japonês, deverá fazê-lo. Mesmo em serviços de visualização tão comuns hoje em dia como o Netflix e o Hulu essa funcionalidade existe. Aliás, ao escolher as legendas em japonês, o número de séries disponíveis será automaticamente seleccionado, já que as opções variam de país para país. A principal vantagem de estar a ler as legendas em japonês ao mesmo tempo que se ouve é que essa experiência é muito próxima da experiência escolar e exige logo uma postura mais concentrada (em vez do “binge-waching”). O aluno tem uma confirmação instantânea do que conhece e do que não conhece no vocabulário e pode fazer as pausas necessárias para criar um dicionário de novo vocabulário adquirido. Mas fazer “pausa” uma vez não chega, é necessário voltar atrás tantas vezes quantas necessárias e ouvir de novo o vocabulário ou frase recém-adquirida, desta vez com os olhos fechados para se concentrar na aquisição da memória sonora.
Escusado será dizer que este exercício corre melhor quando se faz sozinho, a menos que dois ou mais alunos se encontrem exactamente no mesmo nível e com as mesmas características de aquisição da língua japonesa, o que é extremamente raro. Mesmo entre alunos que tiveram aulas na mesma turma desde o início há aqueles que aprendem mais pelo ouvido, os que se fundamentam na gramática, os que têm a escrita mais avançada que a pronúncia, etc. Por isso, essencialmente, o exercício em si é para se fazer a sós e com a atenção indivisa. Depois, numa segunda ou terceira visualização do episódio, já pode fazê-lo com amigos/colegas e até eventualmente desfrutar mais de outros elementos que ficaram em segundo plano quando estava focado em aprender a língua, como por exemplo os cenários ou a banda sonora.
Para além da abordagem 能動, ou mais exactamente por causa dessa abordagem, é importante escolher séries em que o uso da língua seja realista. Note-se, não se está aqui a dizer que a série em si tem de ser realista, pois até escolhemos apresentar como primeira sugestão uma série em que os animais falam… Mas é realmente importante que a referência que vai ser usada para estudo seja um reflexo do uso da língua japonesa actual, quotidiana e correcta. Séries que sejam até extremamente realistas – por exemplo uma série de tema histórico que se foque em Sengoku Jidai (no período dos Reinos Combatentes, séc. XV d.C) – podem ter muito interesse para um certo tipo de alunos, mas se os diálogos são todos num japonês histórico ou arcaico isso não vai ajudar quase nada o aluno que pretende adquirir conhecimentos sobre a língua japonesa no século XXI. Na verdade, no que diz respeito a expressões coloquiais ou mesmo gíria, até conteúdos tão recentes como os anos 90 do século XX podem ser demasiado “datados”. Por exemplo, a expressão ちょうベリバア, em que ちょう é o prefixo informal para “super” e ベリバア é o neologismo com origem no inglês “very bad”, foi uma expressão típica do movimento gyaru dos anos 90 mas quem a usar em voz alta hoje em dia irá parecer muitíssimo desactualizado, um pouco como se dissesse “bué” (que também esteve na moda na cultura juvenil em Portugal há alguns anos atrás). Consequentemente, é preciso ter cautela com o vocabulário das chamadas “expressões idiomáticas” e com expressões datadas. Pode ser divertido descobri-las, mas não seria nada divertido usá-las no contexto de conversação com alguém que tenha o japonês como língua nativa.
O terceiro aspecto que necessitamos de apontar aqui é a questão da aquisição de hábitos, ou seja, “a repetição faz a perfeição”. O aluno deverá prever que não vai aprender muito nem colher imediatamente os benefícios da primeira vez que faz este exercício, e talvez até nem da primeira série que “estuda” desta maneira. Com efeito, pode até nem ser pela falta de experiência neste tipo de exercício mas sim por critérios que dependem mais da escolha da série (actores, tema, duração, etc). Contudo, é importante ter consistência e praticar mesmo assim. Normalmente depois de alguns episódios já se sentirá muito natural a fazer este estudo. Portanto, a primeira série que se escolhe para praticar “aprender japonês com séries” deverá ser mais para praticar o método em si do que pelo que pode aprender com a série, e nesse caso deverá até escolher uma série com um japonês muito básico. Numa segunda série poderá aumentar o grau de dificuldade e assim sucessivamente.
Recomendamos que experimentem a série ビューティフルレイン (Beautiful Rain), porque a maior parte dos diálogos são entre um adulto e uma criança (pai e filha) e por isso são muito simples na sua estrutura e com um vocabulário muito acessível. Esta série também não está “datada” porque é de 2012 e o tema é um dos mais comuns nas séries do tipo “para toda a família”: como lidar com a doença debilitante e/ou fatal no seio das relações familiares. Se já vê séries japonesas saberá como este argumento é comum, essencialmente porque permite apresentar grandes momentos dramáticos e explorar o tema da dependência como fundamento do amor (algo muito especificamente nipónico).
Ao longo deste ano lectivo temos recebido vários emails de pessoas que gostariam de integrar as aulas de língua japonesa ou que, contactando-nos em nome dos seus filhos, gostariam que estes tivessem aulas de iniciação. Contudo, estando o ano lectivo já a decorrer, torna-se impossível integrar estes alunos, especialmente porque se encontram no nível básico ou mesmo sem alguma vez terem tido aulas de japonês. Infelizmente apenas nos foi possível criar uma turma nova a meio do ano, que foi a de japonês intermédio, porque se constituiu um grupo com número suficiente de interessados (6 alunos) e que estavam todos aproximadamente no mesmo nível. Apesar disso, como não gostamos de desiludir ninguém, ficámos a pensar em como seria possível corresponder aos pedidos que recebemos.
Muitos desses pedidos eram de pessoas que não residem em Coimbra, por isso a marcação das aulas tinha de ter isso em conta (a deslocação, e eventualmente a coincidência com períodos de férias). Então, finalmente, conseguimos criar um modelo de curso intensivo que – esperamos – venha a corresponder às necessidades de tantas pessoas que anseiam por mergulhar na língua japonesa com o apoio de um professor especializado. Por vezes, sobretudo no caso dos mais novos, as “aventuras” na aprendizagem do japonês começam na manga/anime e em memorizar hiragana, katakana e algumas frases, mas sem a orientação de um professor não se consegue progredir muito, e frequentemente adquirem-se hábitos que são mesmo contraproducentes para vir a conhecer e usar bem a língua japonesa.
Neste curso intensivo pensámos especialmente naqueles que querem tirar o melhor partido do seu tempo, concentrando as aulas em blocos de três horas, todas no mesmo dia: aos sábados. Também pensámos que, ao fazer as aulas aos sábados à tarde, estas estariam acessíveis tanto aos que estão em férias escolares como aos trabalhadores.
A nossa sala de aula receberá bem qualquer aluno, de qualquer idade, porque as aulas serão conduzidas pela nossa professora que tem experiência neste tipo de turmas mistas e que é natural do Japão.
Mas não é por concentrarmos as aulas aos sábados que o resto da semana é inteiramente de “férias”, pois o que seria um curso intensivo sem orientação para estudo intensivo também? Esperamos que, com os módulos de tarefas e os materiais pedagógicos que vamos dar os alunos, possam progredir bastante de semana a semana. Aliás, podemos garantir que, para quem aproveitar ao máximo o que este curso tem para oferecer, poderemos integrá-los nas aulas regulares de língua japonesa já do próximo ano lectivo, a partir de Setembro. Por isso este não é só um curso intensivo, é a porta de entrada para o caminho, devidamente orientado, na aprendizagem completa da língua e cultura do Japão.
As aulas terão lugar todos os sábados de Julho: 7, 14, 21 e 28, das 15:30h às 18:30h, no Instituto Universitário Justiça e Paz (no pólo 1 da Universidade de Coimbra).
As inscrições estão abertas até dia 15 de Junho ou até que se esgotem as vagas disponíveis.
Para se inscrever, por favor envie email para umlongoveraonojapao@gmail.com com o assunto “curso intensivo” e indique o nome, idade, localidade de residência e número de pessoas que se desejam inscrever (e o nome, idade e local de residência de cada uma delas). Receberá, em resposta a esse email, a referência para transferência bancária.
Solicitamos a contribuição de 120 euros por pessoa.
Em seguida, deverá enviar para o email umlongoveraonojapao@gmail.com um comprovativo de transferência (por exemplo foto de talão multibanco ou captura de ecrã da transferência online) para que possamos registar a/as inscrição/ões.
Se não se reunir o número mínimo de inscrições não abrirá o curso, e consequentemente aqueles que se inscreveram receberão reembolso de 100% do que pagaram pela inscrição.
O valor acima indicado não é reembolsável se deixar de frequentar as aulas (desistência ou falta) pois destina-se a ser usado logo no início do curso para assegurar a professora e também para cobrir o aluguer da sala durante os sábados do mês de Julho. A organização deste programa pedagógico é 100% voluntária e sem fins lucrativos.
Esperamos que seja possível abrir este curso, mas precisamos de reunir pelo menos cinco inscrições para o fazer. Por isso agradeço desde já o passa-palavra de todos aqueles que conhecem alguém que possa estar interessado. Vamos fazer deste Verão aqueles que todos vão recordar como uma verdadeira aventura japonesa!
しろくまカフェ
Shirokuma Café, isto é, O Café do Urso Polar, foi originalmente criado por Aloha Higa como manga e depois adaptado a anime em 2012. Aqui iremos tratar da sua verão como série, neste caso série de animação, já que esta rubrica se dedica a conteúdos audiovisuais. Para darem uma vista de olhos ao manga, e terem uma ajuda a ler o primeiro capítulo, consultem este vídeo da Misa-san.
A série parte do princípio que os animais (ou pelo menos alguns deles) vivem naturalmente entre os humanos, com um modo de falar, comportar-se e viver que é em tudo igual ao dos humanos. Sendo assim, há um certo urso polar que gere um café, localizado numa simpática casinha de madeira no meio de um jardim. O urso polar é uma personagem muito curiosa, e é precisamente a sua personalidade única e sentido de humor surpreendente que dão encanto a esta série. O urso polar simplesmente adora jogos de palavras, e gozar um pouco com os amigos ao mesmo tempo que mantem uma expressão composta e uma sobriedade genial. Outra personagem central é o pequeno urso panda, um adolescente imaturo que é obrigado a procurar um part-time pela própria mãe, que estava farta de o ver desperdiçar tempo em casa. O panda é um tanto egocêntrico e insensível, mas de algum modo nunca chega a ser detestável porque realmente é adorável na sua imaturidade. Junto com o pinguin (que tem um drama pessoal de natureza amorosa) e outros frequentadores habituais do café, a série vai mostrando o dia-a-dia deste grupo de personagens, ao qual não faltam também os amigos humanos.
Para além de ser uma série de grande qualidade gráfica, com peripécias que nunca deixam definhar o enamoramento inicial e personagens muito consistentes e em constante desenvolvimento, o maior ponto a favor do Shirokuma Café para os estudantes de língua japonesa é precisamente o facto de esta série ter sempre, em cada episódio, momentos divertidos ligados aos jogos de palavras, aos equívocos com a língua ou aos múltiplos significados das expressões japonesas. Para fãs de trocadilhos, ou para quem quer perceber os encantos sádicos do japonês, esta é a série perfeita.
Exemplo dos jogos de palavras típicos desta série – vídeo
Dependendo do nível no qual se encontra o aluno, esta série pode ser vista com legendas (existe disponível com legendas em inglês) ou sem legendas, já que os diálogos são acessíveis a um estudante em nível intermédio/avançado. Contudo, nos momentos dos trocadilhos será melhor fazer pausas e anotar os exemplos dados, para que depois se possa ir criando um caderno de estudo. Deverá notar-se também o estilo de uso da língua em personagens distintas, que têm diferentes idades e posições na sociedade. Por exemplo, o aluno poderá anotar expressões do urso panda e expressões do urso polar (fora dos momentos de humor) e “dissecar” as diferenças. Ao aparecer um outro urso – o urso pardo – existe ainda mais um exemplo contrastante. Neste caso o uso da língua japonesa pelo urso pardo é marcado pelo seu estilo de vida e incluí até alguns regionalismos.
Exemplo dos diferentes usos da língua japonesa entre os três ursos – vídeo
A série Shirokuma Café já tem uns aninhos mas nunca se desatualiza porque os temas são interessantes e intemporais: relacionamento entre indivíduos (sejam pessoas ou animais), relação entre trabalho e lazer, desafios pessoais tais como ter aulas de condução ou aventurar-se a fazer uma viagem, etc. Ao contrário de muitas outras séries de animação, as quais usam demasiadas expressões que rapidamente ficam “datadas”, quem aprende japonês com o Café do Urso Polar não corre esse risco. Quando há formas específicas de falar estas dependem mais da personagem em questão do que da data (se é a senhora doméstica de meia-idade/mãe do urso panda ou se é um rebelde roqueiro que se aventura pelo mundo de moto/urso pardo) e esse é precisamente um ponto a favor da série, já que apresenta de modo muito natural como a língua japonesa tem variações específicas para determinados grupos/indivíduos conforme o seu papel na família e na sociedade em geral. Mais uma vez, para que seja uma experiência pedagógica, o aluno deverá tirar anotações, pausando o episódio sempre que necessário, e confrontar as suas dúvidas com os seus manuais e dicionários, ou melhor ainda, com o seu professor/a de língua japonesa.
Na aprendizagem de uma língua estrangeira é muito importante procurar acima de tudo a “imersão”. A “imersão” é o processo deliberado de procurar recriar a experiência que uma criança pequena tem ao aprender a sua língua nativa, e apesar de não ser 100% garantido para a aquisição de uma língua estrangeira em idades mais tardias, não deixa de ser o método mais próximo daquele a que o nosso cérebro está habituado, com evidentes sucessos em várias pedagogias. Contudo, criar experiências imersivas para a aprendizagem de uma língua é bastante mais difícil do que parece à primeira vista, algo que todos os professores reconhecem, já que a maior parte deles se esforça bastante para que isso seja possível.
Uma das estratégias para a aquisição da língua japonesa é a audição de diálogos e interações entre falantes nativos ou entre um falante nativo e um estrangeiro, sobretudo em contextos quotidianos e enquadrados por alguma espécie de estrutura unificadora. Por exemplo, vários programas seguem uma personagem fictícia que se encontra subitamente no Japão e com poucos conhecimentos prévios de japonês, pelo que vai aprendendo a língua em contexto de escola ou trabalho, numa saída com amigos, numa reunião de escritório, etc. Os exercícios que o aluno deve realizar passam por ouvir atentamente os diálogos, repeti-los e eventualmente responder a questões sobre o assunto em questão. Apesar de estes exercícios serem muito importantes, e por isso mesmo incluem-se sempre alguns deste género nos manuais oficiais de língua japonesa, os estudantes tendem a estranhar-lhes a superficialidade, a cadência pouco natural da fala destes atores-de-voz bem treinados, as próprias circunstâncias e conteúdo das conversas, e – não raramente – consideram estes exercícios totalmente inúteis quando chegam ao Japão para estudar ou trabalhar e têm de se integrar em contextos com falantes nativos de japonês.
Existe ainda uma outra razão para que estes exercícios possam não ter o efeito desejado nos alunos (ou seja, o efeito previsto por quem criou os manuais), a qual se prende mais com o quão ativo é o papel do aluno na construção da sua aprendizagem. Os manuais japoneses, quando realizados no Japão e por equipas editoriais japonesas, tendem a “esquecer-se” que os alunos não asiáticos de japonês (e sobretudo os europeus) têm implementado nas suas escolas pedagogias diametralmente opostas, e que por isso os alunos (e mesmo os adultos que já não são estudantes) se relacionam com as matérias a aprender de modo completamente diferente. No Japão o ciclo de ensino obrigatório não se foca na construção ativa do saber, na formação de um pensamento crítico e/ou subjetivo, nem na argumentação. Em vez disso os alunos japoneses realizam sucessivos exercícios de repetição, chegando ao extremo de terem vários anos de língua inglesa no currículo e conseguirem responder plenamente a questões de gramática mas sem a mínima capacidade de encetar uma conversação simples ou entender o discurso de um falante nativo de inglês. Por outro lado, o aluno – digamos – europeu, valoriza o engajamento com o exercício, a capacidade de compreender no imediato que está a criar novas competências e a possibilidade de verificar logo como essas competências o levam a compreender melhor uma realidade mais vasta, realista, e dentro da qual se pode imaginar a ele mesmo.
Por tudo isto, têm aparecido nos últimos anos vários artigos em sites e blogs (com níveis de profundidade variáveis…) sobre de que modo é que conteúdos multimédia tais como séries, filmes, e até músicas podem contribuir para a criação dessa ambicionada proficiência em língua japonesa. A esmagadora maioria dos referidos artigos resume-se a listas de séries ou filmes, com um comentário muito breve do assunto que a mesma trata, e destinam-se ao público que já gosta de ver esses conteúdos (quer esteja a aprender japonês ou não) e que pretende – ainda que inconscientemente – que o tempo de despende a vê-los não lhe pareça desperdiçado. Ou seja, está implícito que a audiência tem um certo sentimento de culpa, eventualmente uma leve noção de que incorre no pecado de procrastinação, e naturalmente quem escreve os conteúdos desses artigos explora essas motivações para “cozinhar” uma listinha apetecível de recomendações, as quais são elencadas mais pela sua relação com os patrocinadores do referido artigo do que em consequência de uma visualização criteriosa das mesmas. Entenda-se que não se pretende aqui julgar as motivações de ninguém, nem determinar a favor ou contra de um passa-tempo tão inofensivo como a visualização de séries. Pelo contrário, pensamos que o prazer de mergulhar no mundo ficcional da narrativa multimédia é precisamente a razão pela qual as séries e filmes podem de facto ser usadas como uma ferramenta viável para aprender a língua japonesa, pois sem esse poder de atração não há imersividade, e consequentemente não se atingem os resultados pretendidos.
É com isto em mente que inauguramos neste blog mais uma rubrica, desta vez mensal, pois queremos produzir realmente artigos que ajudem os alunos e os professores, o que exige da nossa parte “fazer o trabalho de casa”. Esta rubrica irá apresentar não só as séries ou filmes que nos pareçam úteis para os alunos de língua japonesa mas o modo concreto como podem aprender algo com cada uma delas. E, escusado será dizer, aceitamos com muito gosto as vossas sugestões ou perguntas, que nos poderão chegar por email: umlongoveraonojapao@gmail.com