Como se manter seguro e confortável durante o Verão

Vamos falar de clima no Japão, pode ser?

Verificámos que a maior parte das pessoas que desejam visitar o Japão entre os meses de Junho e Setembro desconhecem as particularidades do clima japonês e também os efeitos que as condições extremas podem ter no corpo humano. Por isso , preparámos esta lista e procurámos que fosse breve mas relevante, prática de aplicar e fácil de compreender. Por favor dedique 5 minutos para a leitura. Se tiver alguma dúvida, sinta-se na liberdade de nos contactar através do formulário que se encontra no final, ou através das redes sociais Facebook ou Instagram, ou até por email para umlongoveraonojapao@gmail.com.

1) Junho e o “tsuyu”

No Japão , apesar de muitas vezes se ouvir/ler que tem “quatro estações”, na verdade há muitas mais estações – as micro-estações – pelo que cada uma delas tem características muito específicas. Antes da época contemporânea , os japoneses reconheciam mais de 70 micro-estações ao longo do ano, com particularidades climáticas diferentes. No final de Maio começa o “tsuyu”, que é uma época em que chove de modo intermitente, muito frequentemente, sobretudo na zona central da ilha de Honshu e na ilha de Kyushu. As chuvas do “tsuyu” são refrescantes, não são acompanhadas de ventos fortes e raramente são trovoadas. A temperatura vai subindo lentamente ao longo dessas semanas, pois estamos a aproximar-nos do Verão. Não é nada perigoso estar exposto ao “tsuyu” mas o excesso de chuvadas dos anos recentes fez transbordar alguns rios ou desabar algumas terras, por isso é importante estar atento aos alertas de segurança. Esses eventos pontuais também podem afetar a circulação ferroviária e rodoviária. Se visitar o Japão durante o “tsuyu” conte com céus nublados, grande amplitude térmica ao longo do dia/noite, e chuva quase constante. Se for propenso a quedas ou estiver a viajar com crianças e idosos, aposte em calçado adequado e evite circuitos de caminhada em montanhas. Durante a estação das chuvas também não é boa ideia fazer campismo ou ir à praia. As marés trazem algas e as correntes estão fortes, por isso a maior parte das praias ainda está fechada.

2) A chegada das ondas de calor

Depois das chuvas do “tsuyu” começam as ondas de calor. Na sabedoria japonesa do tempo dos nossos avós, o Verão é visto como uma época que chega a cavalgar, em “saltos”, que são as ondas de calor. Essas ondas de calor são geradas pelas correntes de ar que vêm ora do sudoeste asiático ora do Pacífico. Quando vêm do Pacífico estão mais carregadas de humidade (porque a superfície do mar cada vez está mais quente) e toda essa humidade no ar torna-o muito difícil de respirar.

A transpiração intensa – que é um processo natural de regulação de temperatura do corpo – deixa de funcionar eficientemente , já que a elevada humidade do ar impede a evaporação da transpiração. Assim, o corpo sobreaquece e entra em golpe de calor. Quando o corpo não consegue arrefecer e a transpiração não é absorvida ou evaporada ao ritmo adequado, os danos no cérebro e órgãos irá fazer-se sentir brevemente. Um golpe de calor pode tornar-se perigoso em menos de uma hora, e uma pessoa que não recupere do mesmo pode necessitar de hospitalização para sobreviver.

Os japoneses sabem perfeitamente que quando a humidade do ar ultrapassa os 70% e as temperaturas sobrem acima dos 25% (subida de temperatura e de humidade em conjunto), está para chegar uma dessas ondas perigosas, e reforçam os alertas sobre como lidar com isso. Contudo, os estrangeiros que são de climas diferentes podem subvalorizar as condições climatéricas e ficar muito vulneráveis aos seus efeitos. Aqui estão algumas das recomendações para os meses de Julho e Agosto:

Verifique os seguintes valores todos os dias, de manhã, antes de sair do alojamento: temperatura, humidade, índice UV, vento, nível de sensibilidade térmica ( “feel like”), pois 30 graus com 80% de humidade sentem-se como quase 40 graus!

Usar roupas largas, sem elásticos apertados, e fabricadas com tecidos que realmente absorvam a humidade do corpo;

Mudar frequentemente de roupas, pelo menos todos os dias, se possível ao longo do dia, e evitar todo o tipo de fricção direta na pele que esteja avermelhada, demasiado suada ou sensível;

Tapar a pele – sim, tapar em vez de expor – e se possível com roupas que estejam reforçadas com filtro UV, ou chapéus de chuva com filtro UV, que aliás se encontram à venda no Japão ;

Beber água enriquecida com valores adequados de reposição de sais minerais e vitaminas, com atenção para não beber água nem a mais nem a menos, e sempre que possível sem muito quente nem muito fria, mas sim na temperatura ambiente;

Evitar bebidas com demasiado gás, demasiada cafeína ou outros estimulantes, e em vez disso preferir o chá verde suave ou outras infusões de ervas ou bebidas de cereais como o chá-de-cevada;

Ter consigo um pano de algodão ou uma toalha de tecido turco, muito absorvente, para ir limpando as gotas de suor da pele que esteja exposta, e fazê-lo constantemente, absorvendo e não esfregando;

Ter um borrifador com água purificada ou com água termal que se aplica na pele (se for preciso sobre a roupa também) quando está a precisar de ser reposta a humidade não salina sobre a epiderme (suar muito e deixar o suor secar pode criar uma camada de quase “salgadiço” sobre a pele, que cria feridas);

Repor a glicose através de frutas muito ricas em água e com sabor doce e refrescante, como por exemplo as melancias, ou – se preferir que o pico de glicémia não seja tão forte – através de vegetais com alto teor de água, como por exemplo os pepinos (comer um pepino acabado de tirar do frigorífico (ou de um banho de água gelada) é mais refrescante do que beber uma garrafa de água, e é uma estratégia de sobreviver ao Verão muito típica da China, Coreia e Japão).

Aceite que nas horas de maior calor não poderá andar na rua, caminhar com energia, visitar muitas coisas ou sequer realizar atividades de esforço intelectual, e em vez disso resguarde-se e deixe para o final do dia e para a noite;

Não tome refeições pesadas e reveja as suas expectativas em relação aos horários e conteúdos das refeições, pois pode dar-se o caso de ser mesmo boa ideia adaptar o costume de muitos japoneses que – durante os dias de maior calor – “saltam” a refeição do meio do dia e apenas se hidratam bastante, fazendo depois uma refeição nutritiva mas leve ao final da tarde, já que a digestão e o calor ao mesmo tempo não combinam muito bem.

3) A chegada dos Tufões

Os Tufões são uma realidade rotineira no Japão, na medida em que todos os anos há uma “estação dos tufões”. Os tufões são numerados ao longo desse período, sendo que o número 1 é normalmente em Maio, é muito fraco ou só atinge as ilhas do sul, e o número 20 e muitos é já no final de Setembro ou início de Outubro.

Com o aumento da temperatura na superfície do Pacífico e o prolongamento do Verão real (para além da data do Verão no calendário), os tufões prolongam-se cada vez mais para “cima” do mês de Outubro e os tufões do fim da época (Setembro e Outubro) estão cada vez mais carregados de água e com ventos mais fortes. Consequentemente, os tufões de final de Setembro e de Outubro são os mais perigosos.

Um tufão não é simplesmente uma trovoada ou uma tempestade. A passagem de um tufão por um determinado local é um evento climático breve mas muito forte. Os tufões deslocam-se e destroem tudo à sua passagem. Quando há um aviso de passagem de tufão na zona onde se encontra, por exemplo desde as oito da manhã ao meio dia, definitivamente são saia à rua entre as oito da manhã e o meio dia!

Consulte os alertas de clima nas notícias e tenha as notificações ligadas para poder receber avisos de emergência no seu telefone. Conheça as rotas de evacuação e os abrigos mais próximos e mantenha-se a par dos avisos que o seu alojamento terá afixado em local visível ou estiver a indicar sonoramente.

Quando há aviso de passagem de um tufão pelo local onde se encontra no dia seguinte ou daí a algumas horas, ou para o local onde vai estar em breve, é perfeitamente possível que não veja nem uma única nuvem no céu, não sinta vento, não esteja a chover e não “esteja a ver” que vai estar “mau tempo” . Por esse motivo algumas pessoas sentem-se confiantes para sair e fazer uma viagem ou para ir desfrutar de um passeio. Isso é ignorar um alerta de segurança e poderá estar a colocar a sua vida em risco, bem como a vida de outras pessoas que depois o terão de ir resgatar. Por favor não ignore um sistema que é perfeitamente calibrado, usado dezenas de vezes todos os anos, em todo o país, e que faz o país funcionar e os estragos serem mínimos. Os japoneses sabem lidar com os tufões, por isso siga o que recomendam sem se basear na sua “impressão” que “tudo está bem”.

Uma alternativa às zonas mais atingidas por tufões será o norte da ilha Honshu e a ilha de Hokkaido, por exemplo.