O estúdio Ghibli é responsável pelos filmes de animação japonesa mais famosos em todo o mundo, tendo entrado firmemente na imaginação de gerações de fãs, e muitos deles tornam-se mais tarde adultos com um forte desejo de visitar o Japão. Se bem que o Japão contemporâneo não é exactamente “como nos filmes”, ainda assim é uma experiência maravilhosa ver alguns dos lugares que inspiraram os artistas que criaram os desenhos. Agora imagine, se isso já é um espectáculo, como seria visitar realmente o universo Ghibli?! Sim, isso será possível a partir de Novembro deste ano, pois está a ser construído um recinto gigantesco dedicado à recriação dos ambientes dos vários filmes e histórias. Note-se que este não é um mero “parque temático”, pois já existia a “Casa do Totoro” numa floresta junto ao Parque Comemorativo da Exposição Aichi-2005 (nós visitámos em 2017) e o actual Parque Ghibli está a ser desenvolvido em torno desse e de outros lugares. Leia este artigo para saber mais detalhes e, se gostar, compartilhe nas suas redes sociais!

No dia 2 de Feveriro de 2022 (certamente simbólico: 2.2.22) abriu um misterioso website (captura de ecrã acima) que dava a conhecer um projecto aparentemente magalómano e estupendo: a abertura de um espaço ao ar livre, de grandes dimensões, imerso em floresta, que recriava o ambiente dos filmes de animação Ghibli. Como os turistas estrangeiros têm estado banidos de entrar no Japão desde Março de 2020, esta notícia teve ainda mais impacto, já que ninguém estava à espera de tal coisa e ainda para mais criou grandes expectativas para o Outono!
O que é o Parque Comemorativo da Exposição Aichi-2005 e porque é o espaço ideal para celebrar o Estúdio Ghibli ?




Sob o tema “A Sabedoria da Natureza”, a exposição universal de Aichi foi uma espécie de “Expo’98” – referência que alguns de vós vão compreender – no sentido em que se tratou de um certame com representação de vários países, distribuídos por grandes pavilhões, num espaço com áreas de lazer, consumo e espectáculos, tendo várias semanas de duração e marcando toda uma nova área territorial junto à cidade de Nagoya. A exposição “Aichi’2005” teve tudo o que de melhor tinha o recém-rechado século XIX (olhamos com algum saudosismo para tal optimismo…): apresentação de novas soluções de mobilidade urbana e veículos de aspecto futurista, robôs incrivelmente convincentes na sua fisiologia humanóide, shows cativantes sobre as inovações eco-sustentáveis e tecno-orientadas das indústrias de ponta de cada um dos países, e muita mas mesmo muita gente!




Depois de passarem por ali 22 milhões de visitantes, esta área com mais de 180 hectares, que fica a menos de uma hora do centro de Nagoya, ficou basicamente vazia. Com o passar dos anos estabeleceram-se alguns pequenos centros botânicos, maioritariamente dedicados a desfrutar das flores ou de lazer e desporto, um parque de diversões com roda gigante e restaurantes, e também foi instalar-se nas proximidades um centro de desenvolvimento de tecnologia a um campus universitário. Mas, ainda assim, e dada a escala monumental do que estamos a falar, tudo parecia “pequeno” dentro do Parque Comemorativo Memorial Aichi 2005.
Foi então que voltou a sentir-se o apelo das mascotes originais…


Kiccoro e Morizo foram criados como mascotes para a “Aichi 2005”, sendo Morizo um “espírito da floresta” e Kiccoro o seu pequeno parceiro. Um faz sobressair o melhor do outro e juntos personificavam o tema “Sabedoria da Natureza”, com o acréscimo de um tom infantil, brincalhão e adorável. Se o Japão já é mestre em criar mascotes “kawaii”, estes dois superaram todas as expectativas. De tal modo que em Aichii toda a gente conhece o parque pelo nome “Parque do Morizo” e não pelo nome oficial!
Estas duas criaturinhas simpáticas resurgiam constantemente no imaginário popular, foram criados até livros de histórias em que eles são as personagens principais, e de modo geral ficaram sempre “pendurados” para uma segunda vida. Até que, subitamente, como é costume nestes casos, o potencial desta área passou a fazer sentido quando se considerava uma das atrações remanescentes.
Sim, uma pequena atracção durante a Aichi 2005 permanecia aberta, ano após ano, com cada vez mais visitas. Naquele espaço imenso, no meio de um parque florestal num dos cantos da área da Exposição, perseverava uma atracção que no início até se tinha pensado fazer apenas como algo temporário. Trata-se da casa de Satsuki e Mei, as duas meninas do filme “O meu vizinho Totoro”. A casa, na escala real, por dentro e por fora, e mesmo na envolvência de horta e jardim, é um micro-cosmos Ghibli. O acesso sempre esteve condicionado por bilhetes muito difíceis de adquirir (só se compravam a partir do Japão e esgotavam geralmente com 3 meses de antecedência) e não existia lá grande sinalética para dar com o sítio, mas a “Casa de Satsuki e Mei” era indiscutivelmente um coração pulsante no seio deste lugar aparentemente desprovido de um propósito claro.



Dois espíritos da floresta traquinas e uma casa onde milhares de visitantes depositaram todo o seu amor e alegria fazem nascer uma energia nova, e a ideia de um universo Ghibli no mundo real ganha forma!
A casa de Satsuki e Mei nunca teve ambição de se tornar mais do que isso, mas como todos sabemos, os fãs têm muito peso na sucessão de acontecimentos. A administração do Parque Comemorativo e a Prefeitura de Aichi, ao receber relatório do potencial desta temática e de toda aquela área vazia, voltou-se para um brainstorming que viria a durar vários anos. Nunca parecia estar vento a favor deste empreendimento, isto é, até que o Japão bateu todos os recordes e projecções de turismo, tanto em 2017 como em 2018 e 2019. Com três anos excelentes, diria mesmo extraordinários, foi possível convencer os investidores no apoio financeiro àquele que será o futuro Parque Ghibli. Aliás, o Parque não pode ser criado todo de uma só vez, e a secção que se espera abrir em Novembro deste ano será apenas a primeira.
E como estão a correr os preparativos?
Desde Fevereiro até agora as obras progrediram a todo o vapor! Como se pode ver no website oficial https://ghibli-park.jp/en/about , este Parque terá várias áreas diferentes e articula-se com o núcleo do Parque Comemorativo Memorial Aichi 2005.
Assim, o acesso ao “mundo” Ghibli será feito por um elevador e plataforma elevada, com o que parece ser um portal multidimensional (viagem no tempo?), que já tem aquele “look” inconfundível da animação japonesa, como se pode ver nas fotos abaixo.



Outra construção em progresso é a casa vermelha do filme “Sussurro do Coração”, que pelo menos por fora já parece estar quase completa.



Quando se pode visitar?
O Parque ainda não tem data exacta de abertura nem sistema de venda de bilhetes, mas da nossa parte já sabemos que vamos logo que nos seja possível retomar os programas de visita ao Japão.
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