Mais e melhor turismo japonês em Portugal

blog

Todos os japoneses ouviram falar de Portugal na escola básica, nomeadamente quando estudaram História do Japão, uma disciplina obrigatória. Sabem, por exemplo, que a introdução das armas de fogo através dos portugueses, no século XVI, transformou profundamente as tácticas militares japonesas e veio a desencadear uma resolução mais rápida do período de guerras endémicas que se vivia na altura. Sabem também que os missionários cristãos que chegaram ao Japão por via da relação com Portugal tiveram grande impacto social e político. E, talvez até mais comummente, sabem que a introdução de doces à base de açúcar e ovos é um legado da presença portuguesa no país. De muitas e variadas formas têm uma vaga consciência de Portugal ser um país conhecido pelo Fado, Futebol, boa comida e pessoas calorosas, mas possivelmente não muito mais do que isso. Sobre o Portugal contemporâneo, os japoneses conhecem pouco. Isto é, se não forem tocados por um dos muitos “divulgadores” de Portugal que já existem no Japão.

 

( Temos mais vídeos sobre os japoneses que amam Portugal e que mostram a cultura portuguesa no Japão! Subscreva o canal de Youtube a apoie os nossos esforços para ligar estas pessoas e iniciativas entre Portugal e o Japão. )

 

Sendo autênticos “embaixadores” do nosso país, existem muitos japoneses e japonesas que, pela sua afeição a Portugal, aos portugueses e/ou à língua portuguesa, têm feito o digníssimo trabalho – muitas vezes por puro amor à camisola – de dar a conhecer os encantos do Portugal do século XXI. Mostram aos japoneses os produtos portugueses de melhor qualidade, sejam vinhos, azeites, comidas ou doces, ou fazem mostras de fotografias do nosso património cultural mais significativo. Organizam concertos de fado, muitos são eles próprios fadistas que aprenderam durante um período de estadia em Portugal. Organizados em pequenas associações, ligados a colectivos artísticos, ou a trabalhar para pequenos negócios familiares tais como galerias, mercearias e cafés, estes japoneses fazem chegar aos outros japoneses uma imagem de Portugal muito concreta e apetecível, feita de sabores, cores, simpatia e encanto. Essa é realmente a estratégia que melhor funciona junto do público japonês, e sem dúvida a que os faz ficar com curiosidade para saber mais sobre Portugal e, eventualmente, visitar.

A atracção manifesta-se de modos muito diferentes em cada cultura. O que faz alguém sentir vontade de saber mais sobre alguém? Sobre um lugar? O que faz alguém imaginar-se a ir, a aventurar-se, a conhecer? Para que o público japonês se sinta atraído por Portugal ao ponto de embarcar numa viagem ao nosso país é necessário que a cultura portuguesa lhe seja dada a experimentar quando ainda se encontra no Japão e através de interlocutores japoneses. E, não menos importante, o modo como isso se pode fazer com resultados positivos, depende de compreender aquilo que exerce efectivamente atracção significativa nos japoneses, aquilo que permite maturar a ideia e a decisão de visitar Portugal e investir no nosso país (mesmo se seja apenas como consumidor de turismo). Ou seja, as estratégias habituais de promoção de Portugal no estrangeiro, nomeadamente as campanhas publicitárias pensadas para o público norte-americano ou europeu, têm pouco ou nenhum resultado junto do público japonês, e podem ter até o efeito contrário!

 

( Vlogs de influencers, blogers a jornalistas, realizados por japoneses em visita a Portugal, têm tido um grande impacto junto dos japoneses. Este tipo de conteúdos veio a tornar-se cada vez mais popular a partir de 2010, sendo já mais visto do que as habituais reportagens de TV, que antes eram o principal meio de construção de “tendências” para os circuitos de turismo. ) 

 

Neste momento todas as actividades ligadas ao Turismo, e todos os profissionais qualificados desse sector (nomeadamente programadores culturais, guias-intérpretes, consultores, autores de conteúdos de divulgação, etc) enfrentam condições inéditas. O evento da pandemia era, em larga medida, inesperado e é indiscutível que arrastou para uma crise profunda todos aqueles que tinham usufruído das extraordinárias condições de expansão do sector na última década. Decisões governamentais tais como o encerramento de fronteiras e a filtragem da entrada de visitantes estrangeiros, não sendo iguais em todos os países, criaram condições para uma redução muito significativa da circulação de pessoas no momento presente e, num futuro próximo, irão conduzir à implementação de novas práticas e sistemas que nunca antes tiveram de ser considerados. No imediato, assistimos a uma mudança de direcção no foco da promoção das práticas veraneantes e de turismo, nomeadamente à reafirmação da lógica “vá para fora cá dentro” e do “visite Portugal”. Apesar de meritória, esta direcção é na verdade de curto alcance, e a insistência na mesma para a sobrevivência do vastíssimo sector do Turismo e Património Cultural em Portugal é inevitavelmente votada ao fracasso. A única possibilidade de sustentabilidade é a retoma de um fluxo de visitantes externos, ávidos de qualidade, receptivos a realizar investimento, e com boas práticas ao nível do respeito pelo património cultural e pelas comunidades que visitam.

Os turistas japoneses, que já são famosos pelo modo como têm orgulho em deixar tudo limpo e salubre à sua passagem, apresentam-se como um tipo de visitante que estima enormemente a manutenção da beleza, segurança e autenticidade dos espaços por onde passam. Têm profunda aversão à descaracterização de lugares (mesmo os que visitam no estrangeiro) e apoiam muito significativamente os circuitos de produção de artigos regionais, sobretudo quando têm um elevado valor cultural e boa qualidade. Por tudo o que foi acima exposto, atrevemo-nos mesmo a a considerar que o turista do Japão é o turista ideal (se não “o” pelo menos “um dos”) para o Portugal pós-pandemia. E, portanto, deveria ser fortemente desenvolvida a estratégia de promoção de Portugal como destino de visita junto do público japonês, no Japão, usando as pessoas, redes e sistemas previamente existentes e que tão bons resultados já foram alcançando. Agora, mais do que nunca, importa partir do que funciona e amplificar, criando condições para que o circuito de visita a Portugal por parte dos turistas japoneses, nos seus variados tipos e géneros, seja cada vez maior e mais profundo, preferencialmente dando a conhecer um Portugal que valha a pena revisitar múltiplas vezes, ou mesmo escolher como residência para os anos dourados das suas vidas.

Assista à nossa conversa com os representantes oficiais do Turismo de Portugal no Japão, disponível em dois vídeos (acesso por Youtube). Agradecemos a partilha dos vídeos e a subscrição do canal, para podermos continuar o nosso trabalho.

 

 

Se não conseguiu ver os vídeos acima indicados, siga estes links:

Parte 1

Parte 2

 

 

O que diz quem foi ao Japão

Visitar o Japão com um programa feito à medida é substancialmente diferente de ir apenas “fazer turismo”. Acreditamos que o país, a sociedade, a cultura e as pessoas têm muito para descobrir, e que cada ser humano é único nas suas preferências e na sua personalidade. Mostrar o Japão real, “ensinar” o Japão através da experiência prática e imersiva, não é igual para todos. Nenhuma experiência pedagógica é. Nos workshops, nos cursos e em todas as outras ocasiões formativas seguimos esse princípio, na visita – em viagem – também.

A Mariana, que nos contactou em meados de 2019, tinha um sonho: ir ao Japão. O seu percurso de vida e as suas escolhas já a tinham levado a implementar um conceito muito japonês em Portugal: o pet-café ( Pet & Tea, localizado na Baixa de Coimbra, o primeiro nessa cidade, e um dos primeiros no país). Ao conhecer a Mariana logo se percebeu que para ela o factor “gastronomia” era uma via fundamental para entrar na cultura japonesa, até porque a sua vida profissional passa precisamente por imaginar, confeccionar e servir a felicidade através da comida, no seu café e na sua vida.

Claro, para além desse factor, também foram tidos em conta outros vectores, sempre na perspectiva de responder à questão:  “Como tornar a experiência da Mariana no Japão em algo que inclua a aprendizagem de todos estes conteúdos específicos que queremos introduzir (de história, arte, cultura, língua, etc) e ainda a diversão e alegria que caracterizam umas merecidas férias?”. O resultado, pelas palavras da própria, pode ver-se nestes dois vídeos, filmados já em Fevereiro de 2020, na sala dos gatinhos *, no seu café.

 

 

* Os gatinhos da Pet & Tea são resgatados da rua e estão para adopção.

Viagem para as ilhas Goto

Foi hoje publicado no canal de Youtube associado a este Projecto Cultural e Pedagógico o primeiro vídeo (vlog) sobre o tour nas ilhas Goto. Veja o vídeo também aqui:

Dando seguimento a este post no nosso blog , no qual apresentámos a empresa japonesa Wondertrunk & Co que estava a receber da nossa parte o serviço de consultoria especializada,  podemos agora dizer-vos mais sobre os tours culturais e percursos de peregrinação na região de Nagasaki e nas ilhas Goto.

A equipa da Wondertrunk a cargo deste projecto recebe apoios tanto de privados como do Estado japonês, e nomeadamente da Prefeitura de Nagasaki, para vir a criar tours que contribuam para o desenvolvimento sustentável da região, com ênfase no património cultural local e relação próxima com as comunidades que ali habitam. Por esse motivo, e considerando que nos identificamos bastante com esse ponto de vista, aliámos forças e estamos desde 2017 a colaborar em regime de consultoria com a Wondertrunk, num acordo que não passa pelos fins lucrativos. Os nossos serviços são prestados em voluntariado, com o espírito de trabalho em equipa, e neste momento estendemos também os serviços de consultoria a representantes do ramo da animação turística que estão sediados no Japão, Estados Unidos, e Itália. Os representantes dessas empresas, os quais estiveram presentes neste tour de teste em Goto, aparecem no vídeo acima.

69391551_995464754137807_5618738734171160576_n.jpg

Foto em cima: representantes da Wondertrunk & Co e dos seus clientes internacionais, gerente do restaurante Tao Flat (o restaurante no glamping site da Nordisk Village), representante da agência de tours italiana, e eu própria. Local da Foto: glamping site Nordisk Village, na ilha Fukue (Goto).

69859111_1375323849281253_4949016795714420736_n.jpg

Foto em cima: num dos percursos em bus, esclarecendo pormenores do tour com o representante da agência italiana.

70451598_361776711397838_1654783519701860352_n.jpg

Foto em cima: no final do tour a equipa da Wondertrunk & Co promoveu um encontro com os residentes de Fukue, onde falámos sobre como desenvolver uma programação cultural e turística na região que os integre e respeite; e no final dessa sessão alguns dos convidados especiais posaram para esta foto. Podem ver aqui, para além dos que já foram apresentados no vídeo e nas fotos anteriores, também outras pessoas que escolheram Goto para viver embora não fossem originalmente dali. O input destas pessoas ajuda-nos muito a desenvolver tours que tenham interesse para os japoneses de outras partes do Japão e para o público internacional.

Em Portugal, mantemos o exclusivo da criação de programação cultural, itinerários de viagem temática e caminhos de peregrinação em Nagasaki/Goto, uma vez que a Wondertrunk & Co é uma empresa japonesa que regista internacionalmente os direitos dos seus tours. Por isso, ao abrigo da colaboração com a Wondertrunk, e mediante a negociação das contrapartidas pela prestação de serviço de consultoria especializada e suporte académico, retemos o direito de apresentação de tours com esta temática em Portugal, o que é supervisionado pela própria Prefeitura de Nagasaki/Estado Japonês.

No caso de Portugal, não se aplicam os financiamentos do Japão, e o Estado Português também não providencia apoio para a promoção da herança portuguesa no Japão, pelo que estes tours são oferecidos ao público geral mediante pagamento dos seus custos de execução.

Estamos disponíveis para esclarecer qualquer pedido por email: umlongoveraonojapao@gmail.com

(Devido ao facto de nos encontrarmos no Japão até ao fim de Outubro de 2019, em tours e trabalho, a resposta aos emails poderá ser feita apenas a partir de Novembro, pelo que pedimos desculpa pelo incómodo.)

 

 

 

 

Aprender com a prática

As experiências de turismo imersivo distinguem-se do “turismo” porque dão primazia à aprendizagem prática em contexto de imersão. Estamos acompanhados de japoneses e é através deles e em actividades integrativas que temos a experiência do Japão.

received_2405680886418528

Para além dessa missão, sempre presente quando estamos de visita ao país do sol nascente, também temos naturalmente de lidar com as circunstâncias habituais de estar sujeito ao clima. Assim, num dia particularmente chuvoso, e no qual foi necessário activar o “plano B”, visitámos um dos nossos recantos preferidos de Kyoto.

Neste espaço, que congrega vários artesãos locais e proporciona workshops guiados por especialistas, tivemos a oportunidade de usufruir de uma hora de formação sobre a história e usos dos incensos e outras preparações herbais na cultura milenar de Kyoto, e também nos foi possível praticar fazer essas mesmas artes sob uma amigável orientação.

Este slideshow necessita de JavaScript.

O resultado? Saquinhos de seda de kimono cujo interior guarda misturas aromáticas e medicinais, e que poderão ser usados entre 18 e 24 meses, tanto para conservar roupas e outros têxteis como para dar um bom odor a divisões domésticas.

Com o nosso programa de visita ao Japão e orientação na perspectiva do turismo imersivo, foi possível realizar este workshop sem marcação prévia (decidimos no próprio dia), por cerca de 20 euros por pessoa, sem tempo de espera, tendo ficado com o resultado final do mesmo para nosso “souvenir”.

received_643203889501533

 

 

 

 

 

Oportunidade Primavera 2020

Para quem sonha viajar ao Japão e ver o despontar das flores de Primavera, temos uma boa notícia!

56334662_2270796026317562_8766661097387196416_o

Para grupos organizados autonomamente (que nos contactem enquanto grupo/escola/família/associação/amigos/etc) poderemos oferecer de modo totalmente gratuito um serviço de consultoria para a criação de itinerário de viagem, na condição de nos apresentarem comprovativo de aquisição de voo abaixo indicado (ou com três dias de flexibilidade para cada data) e se aceitarem os termos de realização das experiências de turismo imersivo e demais parcerias que temos no Japão através dos nossos serviços de consultoria.

O orçamento para a realização da totalidade da experiência, incluindo portanto o alojamento, o transporte, as visitas e o acompanhamento permanente, bem como o acesso às experiências exclusivas deste projecto cultural e pedagógico, está disponível a partir de mil euros por pessoa (excepto se forem solicitadas condições especiais de alojamento, ou outras).

Como podem confirmar pela consulta das tarifas de voo internacional entre Portugal e o Japão, a estimativa de despesa para a totalidade da viagem resume-se a pouco mais de 1500 euros por pessoa, numa viagem de 15 dias!

Estas condições só estão disponíveis até 30 de Outubro de 2019. *

porto tokyo marco 2020

* Este Projecto Cultural e Pedagógico e a sua autora não vendem viagens nem serviços de turismo, não retêm comissão nem têm retorno dos serviços ou bens sugeridos aquando do atendimento em consultoria. Para mais informações acerca da natureza dos programas culturais e pedagógicos que desenvolvemos no Japão e em Portugal, por favor contacte umlongoveraonojapao@gmail.com.

 

Cuidar do Planeta

Neste blog pode encontrar muitas informações úteis sobre o cultura japonesa, sobre a relação entre Portugal e o Japão, e sobre como planear visitar o Japão e desfrutar do seu tempo por lá. Mas uma coisa que ainda não tinha era uma janela sobre as preocupações mais ecológicas que a prática de viagens internacionais implica. Com efeito, desde que em 2013 começámos a actividade de consultoria para viagens e aumentando também cada vez mais a quantidade de viagens que fazemos entre o Japão e Portugal, tornou-se óbvio que era necessário ter em conta a quantidade de CO2 que essas viagens de avião estavam a produzir.

Este é o único planeta que temos, e já ninguém pode ficar indiferente ou evocar desconhecimento sobre a emergência da situação climática. Por isso vamos fazer aqui uma sugestão: compensar os danos causados pelas viagens de avião através de programas de preservação da floresta.

Todas as iniciativas para combater o aquecimento global e a poluição nas suas várias formas são boas, mas a nossa pesquisa mostrou-nos que um dos métodos mais eficientes é a preservação de florestas adultas, criando reservas naturais da biodiversidade, as quais vão capturar o CO2 e produzir muitos outros efeitos benéficos para o clima e para a vida social das populações que delas usufruem.

No vídeo que se segue podem ver a conversa que tivemos com o Manuel Malva sobre este e outros assuntos, num dia em que fomos visitar aquela que será a primeira Reserva da MilVoz – Associação de Protecção e Conservação da Natureza.

          ———————>            CLIQUE AQUI para ver o vídeo

screencapture-entrevista-manuel-malva-milvoz.jpg

Depois desta conversa no parque de merendas junto à Capela da N. Sra da Alegria, perto de Almalaguês (que é o ponto de acesso ao terreno da Reserva), prosseguimos para a visita guiada propriamente dita.

______—————–>  CLIQUE AQUI para ver o segundo vídeo

entrevista-manuel-malva-mil-voz-captura-de-ecra-da-segunda-parte.jpg

Ficaram interessados? Esperamos que sim! A MilVoz precisa de adquirir este e outros terrenos para sua preservação, manutenção e preparação para um projecto educativo. Aqui poderá nascer o espaço de educação ambiental para as próximas gerações!

Se puderem ajudar, mesmo que não seja com donativos, entrem em contacto com a Associação através do email milvoznatureza@gmail.com.

Podem seguir a página de facebook da MilVoz AQUI.

 

Está quase aí a época para subir ao Monte Fuji!

monte fuji capa

A época para subir até ao topo do Monte Fuji inicia-se no próximo dia 1 de Julho (trilho Yoshida), e ao longo dos primeiros 10 dias de Julho todos os trilhos oficiais vão ficar abertos. A partir daí, e até Setembro, poderá subir a esta emblemática montanha e desfrutar de uma das vistas mais famosas do Japão. Contudo, e porque esta é uma empreitada que exige alguma preparação, criámos um vídeo no nosso canal de Youtube para dar mais informações.

Clique aqui para ser redireccionado para o nosso canal de Youtube.

(O vídeo será publicado a 28 de Junho de 2019, às 15:00h)

Recomendamos aos nossos leitores que vejam o vídeo e que consultem os documentos que abaixo apresentamos. Desejamos a todos um Verão maravilhoso, com ou sem subida ao Fuji-san.

Website Oficial do Parque Natural e Gestão de Trilhos do Monte Fuji:

http://www.fujisan-climb.jp/en/  (em inglês)

Tal como se pode consultar neste website, e em particular nesta secção http://www.fujisan-climb.jp/en/risk/guidelines.html, deverão submeter um pedido através do preenchimento de um formulário (disponível em inglês). Esse formulário designa-se “off season” porque no preciso momento em que este artigo está a ser escrito ainda não abriu a época oficial (ainda não é 1 de Julho) e por isso os pedidos teriam de entrar na categoria “off season”. Contudo, mesmo na época “aberta”, é preciso submeter um formulário, ou então contratar um operador turístico ou um guia para o fazer em nome de um grupo.

Formulário em PDF: off_season_climbing_form_Fuji

Siga o link abaixo para abrir o mapa integral de todos os trilhos de acesso ao topo do Monte Fuji:

Fuji_Climbing_Map

Se gostaria de ter uma boa vista do Monte Fuji mas não exactamente subir ao topo, recomendamos uma visita a Gotemba ou um passeio no lago Ashi (em Motohakone). Pode também consultar este guia de visita:

Artigo no website Japan Travel sobre Mishima e o Monte Fuji

 

Mais uma experiência exclusiva!

Desde que procurámos desenvolver o nosso programa de turismo imersivo, enquadrado num contexto de estudos japoneses mas aberto ao público geral, tem sido uma sucessão de momentos felizes. Felizmente, temos tido uma resposta muito positiva por parte das entidades japonesas, desde associações culturais a pequenas empresas de revitalização rural, passando por profissionais dos mais diversos sectores, da culinária à produção artística!

De modo muito sucinto, o que as nossas propostas de turismo imersivo procuram alcançar é levar o viajante que quer um mergulho cultural autêntico a encontrar aqueles que, no Japão, o podem proporcionar.

Mas temos ainda outros dois objectivos essenciais, que nunca podem ficar comprometidos: queremos que as experiências sejam acessíveis às condições médias do publico português (o que passa por exemplo por preços baixos ou mesmo sem custos), e queremos que a sua realização seja feita sem intermediários comerciais, de modo que o eventual investimento reverta directamente para aqueles que estão a precisar dele.

O turismo imersivo que desenvolvemos no Japão é tão diferente de “turismo” que quase nem se pode chamar assim! Na verdade o que temos em mente é contribuir para que as zonas do Japão tendencialmente menos desenvolvidas (com um contexto de depressão económica e populacional por exemplo) mas ao mesmo tempo culturalmente mais ricas possam ser visitadas e desfrutadas por aqueles que, de outro modo, nem saberiam o que procurar ou como lá ir ter.

Todas as parcerias são fruto de uma relação pessoal, de uma experiência prática, de uma amizade que tem em vista aumentar a energia da cada uma das partes, com reciprocidade e respeito. Não estamos a fazer contas nem tabelas de excel, quando há despesas que é necessário pagar apresentamos claramente a situação aos visitantes, mas não havendo o objectivo fixado do lucro nem a exploração de empresas de turismo massificado deixamos de lado a mentalidade consumista. Não consumimos, partilhamos. Não vendemos, mostramos. E, juntos, ficamos a conhecer-nos melhor e a estimar convenientemente a preciosidade do momento em que nos encontramos. É uma grande sorte poder contar com cada um dos que se “chegam à frente”, tanto do lado do Japão como do lado de Portugal!

O leque de experiências de turismo imersivo das quais já dispomos incluí as tradições mais significativas do Japão, como por exemplo a Cerimónia do Chá, a estadia em Ryokan com termas “onsen”, ou a gastronomia única dos templos budistas; e incluí também propostas totalmente inovadoras – mesmo no panorama turístico “convencional” japonês – como por exemplo o “glamping” em reservas naturais ou as rotas temáticas dentro do universo da espiritualidade e religião.

Mas, a partir do Verão de 2019, dispomos de mais uma experiência!

É com grande satisfação que anunciamos uma parceria que procurávamos há muito tempo: um espaço para realizar retiro de meditação, devidamente orientado, enquadrado tanto culturalmente como naturalmente.

62566554_597148164127502_7188884387092496384_o.jpg

Este complexo, com templo, casas de retiro, aulas, workshops e alimentação, permite o acesso a não-japoneses, incluí orientação em inglês (e pode incluir também em português), sem comprometer a qualidade do conteúdo. Recebe tanto visitantes individuais como grupos, mediante pedido prévio (e reserva-se ao direito de não aceitar todos, pois afinal é um templo), para estadias mínimas de 3 dias consecutivos.

A localização, na Prefeitura de Oita, permite-nos articular com outras experiências de turismo imersivo que já temos vindo a implementar na região e na ilha de Kyushu, sendo assim uma mais valia para os viajantes que nos procuram para que os possamos ajudar a criar um programa à sua medida.

Por fim, mas como acima dissemos, não menos importante, é a razoabilidade de custos dos retiros que se podem fazer neste local. Com efeito, devido a uma abordagem com a qual também nos identificamos, o custo de participação não é fixo e o objectivo fundamental não é o enriquecimento, mas sim a contribuição significativa para os projectos de beneficência à população local que este templo suporta.  Existe o apelo ao donativo mínimo, até porque este é necessário para suportar os custos de limpeza, elaboração de refeições, e outros gastos, mas no final a totalidade da experiência recomendada (4 dias e 4 noites, em regime de pensão completa e retiro orientado) fica a menos de metade de experiências equivalentes que se realizam noutras partes do Japão mais afectadas pelo crescimento do turismo de massas.

As fotos acima, retiradas directamente desta nova experiência de turismo imersivo, agora disponível para os viajantes de Portugal, podem ser apenas imagens, meras cores na ilusão da visão, mas esperemos que o cativem para as possibilidades infinitas da sua recriação e do seu recomeço, quer tenha a possibilidade de nos acompanhar na próxima viagem ao Japão ou na sua vida diária, onde quer que se encontre.

Vamos ao Japão em Agosto deste ano, com partida de Portugal já confirmada dia 20 de Agosto, e regresso a 3 de Setembro. Caso queira saber mais sobre esta viagem por favor contacte umlongoveraonojapao@gmail.com

Uma experiência diferente…

Desde 2013 que ajudamos portugueses a conhecer o Japão e japoneses a conhecer Portugal, mas este ano realizámos pela primeira vez uma viagem em parceria com duas agências portuguesas: a Landescape e a WeGoAdventures.

Em resultado dessa parceria, proporcionámos a um grupo de viajantes portugueses uma série de experiências de turismo imersivo, ao longo de duas semanas.

Aqui ficam alguns dos registos fotográficos.

FB_IMG_1553805431570IMG_20190328_142435_196IMG_20190328_114345_763IMG_20190328_095250_236

IMG_20190326_151040_413IMG_20190326_173248_300IMG_20190325_182825_354IMG_20190324_221431_466IMG_20190324_214612_266IMG_20190324_150157_244IMG_20190324_151403_713IMG_20190321_102010_213IMG_20190320_115406_921IMG_20190320_115317_134IMG_20190318_174101_385IMG_20190318_170615_521IMG_20190319_064947_669IMG_20190317_173335_664IMG_20190316_213102_813IMG_20190316_213106_913IMG_20190316_185900_230IMG_20190316_182038_367IMG_20190316_185039_058

Os rostos e os rastos que (n)os ligam

A grande-história e a pequena-história têm formas muito interessante de se relacionarem, e muitas vezes é um singelo “fio” que puxa pela meada, até percebermos quantas pessoas e lugares diferentes estão envolvidos. Este será por isso um post invulgarmente longo, e também invulgarmente pessoal, feito de gratidão e de maravilhamento. Pois, também na produção da ciência (conhecimento) há a felicidade, de vez em quando, de sentir em primeira mão essa conexão entre as vontades de pessoas espantosas.

img_20190310_113434_285.jpg

Num dos nossos Clubes de Leituras do Oriente (o de Novembro de 2017, que podem revisitar aqui) tratámos o livro “O Samurai”, de Shusaku Endo. A obra foi escolhida depois de, numa edição anterior do Clube, termos trabalhado o livro “Silêncio”, que foi escrito antes de “O Samurai” e que, apesar de ficar famoso em Portugal depois do filme, continua pouco compreendido no geral. No livro “O Samurai”, a personagem principal é modelada a partir dos eventos da vida de uma personagem histórica real: Hasekura Tsunenaga. Este vassalo do Senhor Feudal Date Masamune (o daimyou de Sendai) e toda a sua comitiva estiveram efectivamente envolvidos numa daquelas viagens épicas da história da humanidade. E, ao prepararmos os conteúdos para essa sessão, um outro livro e um outro conjunto de pessoas veio ao encontro deste Projecto Cultural e Pedagógico também. O que é espantoso, e ainda mais por ser autêntico e actual, é que esse conjunto de pessoas são indivíduos de hoje, numa terra a umas meras 5 horas de carro, e que são directa e geneticamente relacionados com os eventos que inspiraram Sgusaku Endo a escrever “O Samurai”. Aliás, se o escritor tivesse tido disto conhecimento creio que teria escrito mais um livro…

Quando a “Embaixada Keichou” finalmente chegou a terras de Espanha (para se informar da viagem completa consulte aqui) , em Outubro de 1614, foi numa pequena povoação chamada Coria del Rio que estacionaram durante alguns dias, antes de uma entrada formal na cidade de Sevilha. E é precisamente em Coria del Rio que, nos anos 80 do século XX, começa a tomar forma um movimento de associativismo cívico – primeiro muito informal e depois com cada vez mais apoios do município, entre todos os habitantes que têm no seu nome de família o apelido “Japón”. Sim, com efeito a pequena localidade que dava entrada aos meandros do rio (via obrigatória para chegar a Sevilha), desenvolveu-se durante 400 anos sem perder a ligação àquela comitiva: os seus descendentes sempre mantiveram o sobrenome “Japón”.

A Associação que entretanto de formou estima que existam mais de 1000 pessoas com “Japón” até ao 3º nível de parentesco, e existem registadas mais de 500 com “Japón” em nome próprio ou num dos pais. A abundância de pessoas que têm “Japón” da parte do pai e também da parte da mãe comprova ainda mais o facto de, em Coria del Rio, existir uma circunstância peculiar de ascendência japonesa que se foi mantendo. Do ponto de vista da identidade cultural dos habitantes de Coria del Rio isso também é notório, desde já porque a sede de governo local tem a bandeira do Japão hasteada, e também porque há muitos outros marcadores do espaço público e eventos culturais que remetem para o Japão. Mas tudo isto foi um processo, longo aliás, já que dura há pelo menos 30 anos de forma organizada. E, mais recentemente, em 2014, foi realizado um projecto artístico, focado na fotografia/retrato, para documentar todas as pessoas com o apelido “Japón”.

Essa exposição fotográfica poderia ter ficado apenas em Coria del Rio, ou quanto muito ter chegado em forma de relato ao Japão, já que há muitos japoneses que visitam a localidade espanhola devido a esta história que os liga. Mas, também neste caso, a sinergia não cessou. A energia desta viagem épica do século XVII ainda se sente no modo como os encontros se multiplicam e as iniciativas se sucedem.

Na bela cidade alentejana de Vila Viçosa pode também sentir-se o impacto da passagem de uma embaixada japonesa daquele período histórico, que aliás precedeu a de Kenchou a Espanha. No caso da Embaixada Tenshou – a que passou por Portugal – as circunstâncias foram muito diferentes, e não houve lugar a descendência que se saiba. Contudo, tal como no caso de Coria del Rio, estas embaixadas tiveram um grande impacto e deixaram vestígios documentais que, já no século XX/XXI, vieram a ser “redescobertos” por intelectuais interessados e de visão larga. Assim, os livros produzidos, habilmente redigidos e divulgados junto da população em geral, permitem aos leitores de hoje, e sobretudo aos habitantes destas localidades, ter uma impressão directa do papel que o lugar onde vivem representou na chamada “Primeira Globalização”.

A exposição de fotografias de Coria del Rio chegou ontem a Vila Viçosa, e foi inaugurada com um evento muitíssimo bem organizado e extraordinariamente relevante nas relações entre a Península Ibérica e o Japão. A pequena sala de rés-do-chão do Cine-Teatro Florbela Espanca em Vila Viçosa foi efectivamente o lugar onde se realizou o evento cultural, pedagógico e académico mais significativo do último ano no que diz respeito às relações de diplomacia informal ibero-nipónicas, embora a humildade dos seus protagonistas e a singeleza dos seus organizadores tenham possivelmente distraído o público desse facto.

 

A Exposição “El r@stro del samurái” poderá visitar-se todos os dias da semana e do fim-de-semana, das 14h às 18h, gratuitamente. O catálogo da exposição está também disponível para venda, tendo o PVP de 15 euros, e os fundos revertem para a Associação de habitantes de Coria del Rio com o sobrenome Japón, sendo esses fundos actualmente usados para financiar investigação e promover eventos de interculturalidade.

IMG_20190310_122729_772.jpg

Tiago Salgueiro, autor do livro “Do Japão para o Alentejo”, sobre a passagem da Embaixada Tenshou por Vila Viçosa, aqui a apresentar a documentação do arquivo da Fundação Casa de Bragança.

IMG_20190310_124948_697.jpg

Professor Doutor Juan Manuel Suárez Japón, membro de grande relevo na Associação Hasekura, aqui a apresentar as circunstâncias únicas de Coria del Rio no que diz respeito à sua relação com o Japão e os japoneses. Com efeito, devido às publicações desta Associação, as quais têm sido feitas em modo bilingue (também japonês), verificou-se um aumento do fluxo de visitantes japoneses, algo que estreitou significativamente as relações internacionais da localidade e trouxe grande satisfação aos “japónes” de Coria.

Convidamos todos os seguidores deste blog a conhecer esta exposição e também a realizar a visita ao Paço Ducal de Vila Viçosa, seguindo os passos da embaixada japonesa que o visitou há quase meio milénio. O estabelecimento de uma geminação entre o município de Coria del Rio e o de Vila Viçosa fazem prever um futuro brilhante para a cooperação entre estas duas localidades no que diz respeito à gestão do património cultural relacionado com o Japão – que é o factor que mais as aproxima – pelo que as relações ibero-nipónicas podem ter aqui um novo fôlego. Nós esperamos que sim, e teremos muito gosto em documentar as próximas iniciativas!

(Para efeitos jornalísticos, se desejar aceder a mais fotos e vídeos deste evento, queira por favor contactar umlongoveraonojapao@gmail.com)